CISNE NEGRO (Black Swan)
De Darren Aronofsky, 103 min
Black Swan
Drama
Direção: Darren Aronofsky
Roteiro: Mark Heyman, Andres Heinz e John McLaughlin
Elenco: Natalie Portman, Mila Kunis, Vincent Cassel, Barbara Hershey, Winona Ryder, Benjamin Millepied, Ksenia Solo
O jovem cineasta Darren Aronofsky já virou sinônimo de filmes que tratam da obsessão de seus personagens, nos entregando películas que fogem ao lugar comum. Autor de pérolas da Sétima Arte, como “A Fonte da Vida”, “Réquiem Para um Sonho” ou o elogiadíssimo “O Lutador”,ele desta vez nos levou ao mágico mundo do Balé, mais precisamente “O Lago dos Cisnes” de Tchaikovsky, e nos brindou com outra obra-prima, de beleza tão sublime quanto perturbadora.
Junto com a Direção soberba, temos a atuação magna de Natalie Portman, que já havia provado ser uma das grandes com sua notável atuação em “Closer – Perto Demais”, mas que desta vezse superou, interpretando de forma absolutamente visceral.
Natalie é Nina Sayers, uma talentosa porém introspectiva bailarina, que aspira ser a escolhida peloperfeccionista diretor Thomas Leroy (vivido por Vincent Cassel) para o papel principal no novoespetáculo da companhia, precisamente “O Lago dos Cisnes”. O talento de Nina (e também suapersonalidade virginal) permite a ela interpretar com facilidade Odette, o Cisne Branco. Mas interpretar Odile, o Cisne Negro, é outra história… Nina terá que deixar toda a sedução e sensualidadede sua alma aflorar à pele, numa transformação total. Só assim ela poderá ser a Primeira Bailarina da companhia, substituindo a recém aposentada – não por vontade própria – Beth Macintyre (vivida por Winona Ryder). E então mergulhamos junto com a protagonista no mundo da obsessão pelo perfeccionismo, acompanhando passo a passo a desconstrução da sanidade de Nina, numa curva inversamente proporcional à excelência que seu balé vai atingindo. Convergem para isto também a pressão que ela sofre de Leroy, e principalmente de sua mãe (vivida por Barbara Hershey), ela mesmo uma ex-bailarina que não atingiu o estrelato, e quer ver seus próprios sonhos já depostos, realizadosna pessoa de sua filha.
Outra pessoa que corrobora a via da pressão sofrida por Nina é sua colega de companhia Lilly (vivida por Mila Kunis), uma bailarina de personalidade oposta à de Nina, e que por isso mesmo, parece ser a mais indicada para interpretar o Cisne Negro. Ela é então escolhida para ser a substituta imediata de Nina, caso algo errado ocorra com a protagonista.
Faltam-me adjetivos para elogiar ainda mais a atuação de Natalie Portman, que com toda a justiça recebeu o Oscar de Melhor Atriz por este papel, então vamos nos ater às outras atuações em “Cisne Negro”.
Mila Kunis entrega sua melhor atuação na Big Screen, tendo entregue um trabalho tão competente que se tivesse sido lembrada para concorrer à Melhor Atriz Coadjuvante, não teria sido exagero.
Vincent Cassel está muito bem como o diretor artístico Leroy. Dono absoluto de seu papel, ele é extremamente convincente em sua atuação, além de possuir ótima química com Portman.
Nos outros dois papéis femininos de destaque, estão Winona Ryder, que mesmo numa participação pequena, deixou sua marca, e Barbara Hershey, como a mãe superprotetora de Nina, também tem bela atuação.
Tecnicamente, a película é também muito acima da média, tendo merecidamente concorrido ao Oscar de Melhor Filme. Destaque para sua Fotografia inspiradíssima (trabalho de Matthew Libatique), que para muitos merecia ter vencido o Oscar, para a Montagem de Andrew Weisblum, para o Figurino,e para a linda Trilha Sonora de Clint Mansell.
As cenas de balé foram incluídas com perfeição na trama (ponto também para os roteiristas Mark Heyman, Andres Heinz e John McLaughlin), e com isso, mesmo quem não aprecie esta onírica arte, não irá se cansar… pelo contrário, correrá o risco de passar a apreciá-la.
“Cisne Negro” é arrebatador, com sua poesia em movimento, seu belo equilíbrio entre o real e a fantasia, que vai tocar a quem o assistir assim como ocorre com quem vê a obra de Tchaikovsky nos palcos. Brilhante, é um filme não apenas para se assistir, mas para se sentir.
Simplesmente imperdível.
DALTO FIDENCIO
nils satis nisi optimum
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