Conhecer Monte Verde é meio utópico
Joka Faria e suas reflexões de domingo à noite.
Duas poetisas que felizmente fazem parte de meu universo de convivência: Beth Souza e Beth Brait, retratando um tema que nos é caro. Eu que nem vou mais à Paraisópolis, MG. Só circulo entre Caraguá e Sanja, criei até uma poupança para superar isto. Há quanto tempo não visito o Rio de Janeiro? Conhecer Monte Verde é meio utópico. Hoje vi o canal de um ciclista no youtube. Ainda não comprei minha aro 29. Viajar? Só nas redes sociais, meio que abandonei o whatsapp e voltei a tranquilidade do facebook. Agora a moda é sair do twitter por causa do novo dono. Mas no capitalismo o que não tem dono? Que partido político que não tem cacique? Somos só marionetes entre o jogo liberal. No final de tudo, o mercado sempre dá as cartas. E nós, marionetes, nos degladeando. Cometi um erro e perdi minha memória digital. Um dia seremos só memória, quem sabe história.
Eu não dou as costas a nossa América Latina. Somos um só povo. Aprendi isto com o cinema. O cinema e as séries me mostram possibilidades de mundo. Vivo entre o streaming e o youtube. Fico bem estranho quando estou longe de um desktop. O celular não tem a liberdade de um computador de mesa e suas possibilidades de telas. O celular é um paliativo para gravar vídeos que quase ninguém vê. Gostaria de pedalar pelas Américas, mas com estrutura sem apertos; talvez eu seja meio burguês, mesmo sendo proletário. Imaginem aqueles dois poetas que se amam, querendo limites? Arthur Rimbaud e Paul Verlaine. O que é o amor? O que é sexo?
Hoje Paulo Ghiraldelli escreveu muito bem sobre este tema. Falando de Cássia Kiss. Tantos temas ao longo do dia. Ontem fiquei distante do mundo com uma dor de estômago. Minha cama e quarto eram meu mundo. E os sonhos tão reais…Vamos ouvir Edson Souza e ler Beth Brait – Por que não um cd/disco reunindo toda esta turma? Um documentário? E aquele meu romance sobre esta geração 80, 90?
João Carlos Faria
Dezembro de 2022
Primavera
Imagem extraída do site https://www.leonardolopes.com.br/o-perigo-das-bolhas-sociais/
Beth Brait Alvim
ah
latino -américa
!
olhos e suor e perfumes abraçam a noite
vozes dão de comer às salivas
ai, a delícia de tatuar âncoras nas crateras da pele
enfeitiçados
reinauguramos utopias desconcertantes
dos pássaros raros que desmancham o medo
de deusas alimentadoras dos homens nas mil noites
ainda ouço nossas
lendas cozidas com a mais fina língua de fogo
quando nossos arranhões de amor
massageavam o frio e o inchaço de nossas pernas
esburacadas pelas estradas tortuosas da liberdade
há muito tempo
eu choro a falta de ar de nossas vidas nos copos secos
de hemisfério azul
onde estão as terras, as lendas, os poemas
os pratos multicores e o vinho que sacudiam nossos narizes
vermelhos?
ouçam
as névoas do tempo ainda tremulam no
desenho lento da cordilheira e da grande
floresta sobreviviente
Poema de reencuentro
Para Ronaldo Cagiano y los poetas de Catamarca, Argentina.
Para Claudio Sesin, in memoriam.
Ouça o álbum completo no Spotfy:
Obrigada Joka, pela parte que me toca e fico imensamente feliz que goste de ouvir o nosso álbum, também adoro.
Não podemos esquecer que brasileiros também são latinos; ficam se referindo aos latinos como se não fôssemos. Somos um só povo, como disse acima. E falando nisso, gostaria de sugerir o novo filme da Netflix que é sobre um anarquista de verdade que lutou pela verdadeira liberdade e não esta palhaçada que estamos a assistir na porta dos quartéis, de pessoas levadas pela bolha do “Zap-Zap”. Essa bolha tornou-se toda fonte de informação e comandos para uma esquizofrenia coletiva. Um orgulho da burrice
e ignorância – vergonha alheia. Uma massa de manobra que atende ideais anarco-capitalista e entram apenas com o trabalho de seguir, mais nada.
O filme conta a história de um homem que passou a vida lutando pela liberdade “Um homem de ação” baseado na vida verdadeira de Lucio Urtubia.
Recomendo, é surpreendente!