Derramamento de sangue

 

Hoje, excepcionalmente, apresento-vos a escrita pulsante de Débora da Silva Novaes.

Um salve ao mestre Emerson de Souza Costa, o encantador de serpentes.

Que a Poesia seja sempre! (Germano Xavier)

Por Débora da Silva Novaes*

Derramamento de sangue

Marielle guerreira
Que lutou pela cultura negra
Deu o braço, a voz…

A vida inteira!

Reencarnar na liberdade
A salvação para a igualdade
Partirá uma mulher de verdade
Mas as chamas da vingança reinam com toda a esperança

Queremos justiça
Queremos acabar com a matança
Vocês, corruptos, ficarem calados nem me espanta
Tomem atitude de sua liderança

Não era só mais uma Silva
Era mais uma que trabalhava todos os dias
Acordava com água fria
Um agasalho para qualquer mudança de clima
E assim seguia a rotina

Foi ganhando fama a sua liderança
Sua crença nas crianças
A fixação é preto, favelado é ladrão!
Sua conduta não tem perdão
Seu racista, que pisa nos outros por achar que é patrão

Brasília sem brasilienses
Morrem de penúria os inocentes
Desordens afogam os ausentes
República, chore teu fim iminente

Desvio de fundos
“Nem é absurdo assim”, diz o cego-mudo comprado com dinheiro sujo
Preso no orgulho
O bolso faz o curso

Brasil, não menospreze o teu povo
Ele sofre com vosso desgosto
Quem é tu que nos mata?
São balas que rasgam a carne fraca
É choro de mãe desconsolada
Violência agravada em todas as camadas

É responsabilidade jogada às traças
Grandezas da nação, alinhem-se perante o povão
Ele que lhe dá o pão
É o nosso suor que vocês bulem corrupção

Lava-Jato, lava rápido, são todos nomes dados a roubos descarados
Só tenho uma coisa a atirar em mãos… Pegue, esse é o meu coração…
O que ainda há de valor em toda essa podridão

  • Débora da Silva Novaes é natural de São Paulo, mas atualmente reside na cidade baiana de Iraquara. “Minha infância foi marcada por muitos momentos felizes, sempre gostei e me dediquei aos estudos, o que me permitiu uma identificação com os números! Sim, eu era de exatas, mas ao longo do tempo descobri na poesia uma forma de expressão, um gesto sublime de dar vazão às minhas palavras, aos meus sentimentos, aos meus questionamentos internos acerca da existência humana e do próprio propósito da vida – os vários “eus”. Foi assim que, com 11 anos, comecei a escrever. No entanto, não levei muito a sério. Entretanto, aos 14, entreguei-me. Aos 17, não consigo me ver sem a poesia ao meu lado. Com um caderno e uma folha em branco, cabeça inundada de pensamentos e coração cheio de sonhos, eu consigo externar todos os meus sentimentos de modo peculiar e sublime, permitindo à poesia a realização de sua mais nobre missão: encantar!”

2019

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