Dias de reflexão nas trincheiras das esquerdas!
Dias de inverno, férias terminadas, saúde em dia. Um fim de semana num seminário de gnose. E tentando mudar hábitos, cortando um pouco de redes sociais. Só não corto o habito da escrita e da leitura. Mergulhei nestes dois dias da semana, enquanto escolas não chamam para o trabalho mais delicado do mundo que é a educação. Em suas várias formas, sempre tento algumas pessoas para escrever sobre educação para o Entrementes. Arte, cultura, cidadania e educação são únicas, tudo junto e misturado. Estou lendo uma apostila do Programa de Formação de Professores, uma apostila da Recovale, treinamentos organizada pelas formadoras Sílvia Maria Nogueira Nese, Márcia Cristina Campos Ramos, Eliane de F. S. Galvão. Livro do modulo 1.
Que leituras! Clarice Lispector, João Ubaldo e tanta gente que sabe escrever. Quem sabe viro gente grande e me torno um bom escritor. Mas quero ser um bom professor. É um desafio enorme sair do empirismo e chegar ao construtivismo. Entender todas estas teorias educacionais, entender o processo e a forma de como aprendemos é um desafio. No inicio tem depoimentos de professoras, um mais fantástico que o outro. O medo de lecionar, os desafios de uma sala de aula. Romper com o tradicional e chegar ao construtivismo, é prática comum nas escolas brasileiras de hoje em dia?!
A educação é um imenso desafio para quem trabalha com ela e para quem já trabalhou, estamos gerando possibilidades. Transformações silenciosas nas escolas brasileiras. Um trabalho lento e sem reconhecimento e apoio da sociedade brasileira. Não existem Fóruns de Educação nos municípios brasileiros, onde professores, pais e alunos poderiam debater a educação na sua cidade. Governos não deveriam decidir o rumo da educação nos municípios. Governos passam, a sociedade não passa. Educação é uma meta de estado e não de governos. Não sei como funciona ou não funciona o conselho de educação da minha cidade. Provavelmente só existe no papel, sem participação efetiva dos interessados em educação. Por isto um Fórum permanente de educação organizado horizontalmente é algo politizado no sentido de organização da sociedade, do que um conselho.
Educação, arte, cultura resume-se em cidadania. E cidadania é participação de todos, sem nenhuma exclusão. Estamos ficando muito tempo a esbravejar em redes sociais, isto não tem resultado social e politico para a sociedade. Precisamos estar juntos, mesmo que não concordemos com as ideias do próximo. Dias destes participei de uma reunião para debater politica cultural, éramos dez pessoas, mesmo com poucos frutos é mais instigante e inteligente que esbravejar e vomitar indignação nas redes sociais.
Um Brasil diferente e digno só nasce com a participação de todos nós. E educação é um ato de poder e conhecimento que se dá ao cidadão. Ler, escrever e fazer cálculo é indispensável a todos, em qualquer parte do planeta. Através desta apostila tenho contato com as dificuldades, porque passo na educação. E desvendar as teorias da Psicogênese da Língua Escrita de Emília Ferreiro e Ana Teberosky me dão as bases para ser um professor melhor do que sou hoje. Tudo é construção, tenho as bases de cidadania construída nos movimentos sociais e culturais pelos que já passei desde meus dezoito anos. Estou na luta há trinta anos. Um quixote! Mas estamos em guerra. Temos uma nação por construir.
Cultura, arte são partes integrantes dos movimentos sociais. Qualquer segmentação é um desperdício na árdua luta politica. Dividir hetero sexuais de homo sexuais, homem e mulher, e todas estas segmentações é um erro dos movimentos sociais no Brasil e no mundo.
As esquerdas precisam repensar. O modelo de partidos políticos esta ultrapassado. É preciso novas formas de lutas sociais. Buscar maneiras econômicas e novas de nos organizarmos. É preciso de novas teorias econômicas. A direita avança com suas teorias liberais, que estão em todos os meios de comunicação e já contaminou parte da classe media e das classes operárias. Nem sei se esta divisão social ainda existe. Por isto a educação deve ser prioridade, mas qual educação? A que mantêm tudo como está? E não gera reflexão e ação? Ou a educação sonhada por Paulo Freire, Ivan Ilich e as experiências reais da escola da Ponte do professor José Pacheco?
Tem inúmeras possibilidades reais de transformações sociais, nos cabe o debate e ação dentro de nossas possibilidades.
Joka
João Carlos Faria
2017
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