“É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã”

“É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã” (Renato Russo)

Minha amiga que sempre gostou de GoT e Senhor dos Anéis

Melhores amigas? Era assim que ela brincava ao falar sobre mim para os outros. Enquanto trabalhamos juntas aqui em casa onde ela me ensinava como usar o Canvas e esmiuçava minhas redes sociais, confidenciávamos segredos. Aprendi muita coisa e deixava minhas redes nas mãos dela. Durou pouco tempo, arrumou um emprego. Mas a amizade continuou.
Alegre, leve, fácil de gostar; com um sorriso sincero, espontâneo e a gentileza dos raros. E gostava de sorvete e por isso ficávamos combinando um sorvete e bater papo. Ela sabia tudo sobre redes sociais e me explicava, anotando em um bloco. Esse meu lado analógico gosta de blocos de anotações. Ela tão jovem, usava os blocos e colocava no papel todas as etapas para eu cumprir e ela mesmo, muitas vezes postava, por saber das minhas omissões e aversão em redes sociais.
E o sorvete, depois de tantas inviabilidades deu certo. E fomos ao Shopping do Jardim Oriente, ela escolheu um mix de maracujá e eu escolhi o de banana. Conversamos, rimos muito, contamos segredos uma para outra e depois a levei para casa. E nos despedimos sempre marcando uma próxima reunião. Ela ia estudar o meu Tik Tok e então sugerir algumas coisas. Fiquei no carro quando ela desceu e entrou em casa. Não dei um abraço na minha amiga e agora choro por não ter feito isso. Choro por nunca ter tirado uma foto com ela, pois muita gente sabe que sou avessa a ficar tirando fotos, sempre fui assim. Mas queria ter tirado uma neste dia do sorvete quando ela vestia uma blusa laranja, uma cor que gosto demais e ficou tão bonito nela, a deixou iluminada.
E na semana passada eu estava viajando, fui até Poços de Caldas, MG. De madrugada o namorado dela me enviou uma mensagem, mas só fui ver de manhã. Respondi e ele me ligou de volta e aos prantos me disse:
– Beth, a Ana se foi!
– como assim?
– A minha Ana!
Desliguei e chorei e chorei por minha amiga ter partido sem avisar. Nós marcamos um novo sorvete e ela se foi tão jovem, tão jovem, tão jovem e eu ainda estou aqui. Estou muito triste com isso, saudades imensas da minha amiga tão querida.

Um grande abraço querida Ana, aquele que não dei quando desceu do meu carro e entrou em sua casa. Fique na paz, você merece essa dádiva.
E aprendi uma grande lição: O abraço deve ser dado em qualquer tempo e espaço, nos momentos mais banais – não sabemos se vamos ter outra chance. É melhor viver como se esse fosse o último instante neste mundo vão.

R.I.P Ana!

Elizabeth de Souza
271122