Edward Hopper e a solidão humana
Por Elizabeth de Souza
Não conhecia esse genial pintor até saber dele por minha sobrinha, uma apreciadora voraz das artes, desde as antigas até as contemporâneas. Devo a ela a apresentação e o presente dessas obras tão belas, com as quais me identifiquei instantaneamente.
O que mais me atrai na obra de Hopper é sua insistência em mostrar o mundo através de si mesmo, isto é, toda a arte por mais universal que possa ser, o artista fala do si mesmo, do indivíduo que a cria e a expõe ao mundo. E esse mundo vai se identificar e se ver naquela obra porque também tem a sua partilha nisso. E isso me faz lembrar o escrito no antigo templo de Apolo em Delfos “Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o Universo e os deuses” e como já dizia o nosso filósofo das ruas de Sanja City, o Solfidone, tudo está em tudo.
O teor de sentimento humano que transparece em cada obra de Hopper dá um nó na garganta, faz doer o coração e no meu caso, me vejo em cada uma delas…Meus sentimentos aqui e acolá – nos cafés, nos gestos, nas cores, na luz, na sombra e em tantas cenas comuns e ao mesmo tempo inusitadas que pairam com uma tatuagem em meu corpo e minha mente. Ainda bem que existe a arte para aliviar as dores e o mal estar em estar num mundo em desolação. Somos poeira cósmica, mas sem arte, apenas zumbis.
A cada olhada num quadro de Hopper, sinto-me bem em saber que existiu um humano que viu o mundo e a si mesmo de forma plena e teve a genialidade de retratar isso para que eu e quem mais aprecie arte, possa se identificar e sentir a verdade, ao apreciar.
Hopper vai contando toda uma história através dos seus quadros e são as mesmas histórias que assistimos todos os dias ao nosso redor. As mesmas histórias vividas e registradas por toda a humanidade em seus momentos elevados ou nos momentos em que se está no fundo do poço. Podemos ver a melancolia, a depressão, assim como uma alegria ínfima em cada um desses personagens criados por Hopper, de forma intensa. Podemos sentir o verão em suas telas, assim como o vento que espalha os cabelos, a tristeza que nos abate e a apatia que toma conta das pessoas em momentos de solidão. É possível constatar toda a indiferença que paira na urbanidade moderna, seja em New York, Paris ou São Paulo.
Uma arte que me atrai pelo surrealismo realista… arte urbana e rural mostrando a realidade do dia a dia das pessoas em suas labutas. Uma solidão urbana e sua expressão psicológica causando choque em quem vê sua obra…existe um certo silêncio ensurdecedor em muitas delas quando a penetramos profundamente com nosso olhar atento e bestial. Esse silêncio invade nosso olhar que se petrifica como Medusa, diante de Perseu. Existem grandezas apenas comparáveis, nunca mensuráveis.
Gosto de vários mestres da pintura, renascentistas, impressionistas, expressionista, surrealistas, pop art e de outros movimentos, mas tem alguns que moram em meu coração e Hopper é um deles. Vou escrevendo sobre cada um desses mestres que admiro e que habitam meu coração e minha mente. Extrapolo em emoções incontidas diante da beleza que salta de um quadro e entra em mim tão soberana, tão intensa e tão prazerosa. É como se eu fizesse parte daquele cenário, daquela história inventada, copiada de uma história que já existe. Nessa, copio todo o contexto e o registro em minha mente, no meu sangue e no meu coração. E falando nos Mestres da Pintura, Hopper me faz lembrar Henri de Toulouse-Lautrec, não sei o porquê, mas vejo semelhanças entre os dois. Não sou uma crítica de arte, nem mesmo uma estudiosa das artes plásticas, mas tenho sensibilidade o suficiente para apreciar uma obra e me adentrar nela de forma a viajar no tempo e chegar até sua origem, ver o seu criador no momento supremo da criação, meio que sentindo seu ser por inteiro. Lance maluco esse, não é mesmo?
Elizabeth de Souza
Para conhecer um pouco mais sobre Hopper, deixo o link abaixo:
Vou colocar algumas das obras de Hopper para que aprecie, assim como eu…Escolhi as que mais gosto.
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