Como escrever canções nestes dias de verão? Sonhando com uma frente fria, caminhando pelas vias sempre pela sombra, vendo ao longe a Mantiqueira; Já desaprendi a ousar caminhar na Mantiqueira nestes dia infernais. Dante deve ter se imaginado nestes trópicos. Leio as Canções de Mario Quintana, ainda não encontrei Piva nos sebos da cidade. Não garimpo na internet. Dias quentes. Um ato público contra uma ponte num córrego numa tarde de verão. Ei de ir, movimentos sociais nos dão a ilusão de algo a transformar. Mas mudança mesmo, só dentro de nossas almas, deve ter uma Paraty onde eu possa caminhar dentro de minha alma, uma Ouro Preto em segredos e túneis para fugirmos. Qualquer hora pego um ônibus para Bananal. Onde se esconde minha alma? Nestes dias de verão que não sabemos fazer uns versos, quem sabe uns sonetos. Nem sabemos para onde vamos quando morremos. Quantas informações temos? Já não sigo nenhuma fé. Só acredito no Universo, eu sempre atoa e nunca ateu. O que me salva enquanto escrevo é um ventilador.
Como tenho saudades das casas de minhas tias, tias de minha mãe e suas enormes casas em Paraisópolis, MG, de minha infância. Qualquer hora, gasto um dinheiro eu vou lá, me hospedo num hotel para caminhar por suas ruas, sentir a cidade. Sinto ainda por não dirigir, em dias de verão, nada como a estrada sem rumo, sem destino. Pegar carona nunca é como dirigir, pegar um carro sem destino pelo Vale do Paraíba, Sul de Minas Gerais para escolher os hotéis mais baratos. Sentir a vida nos interiores dos Brasis, para alcançarmos os interiores de nossa almas. Abro as paginas de Quintana, mas quero as paginas de Piva. Que poeta! Sabe retratar estes dias de calor.
Jorge Pessoto é um dos poucos poetas que li, que sabe descrever as horas mortas da tarde Valeparaibana. Será que tem novos poemas? Contos novos? Decidi, em Fevereiro, fazer a rota de uma estrada sem asfalto, de São José a Monteiro Lobato. Devo voltar a Caraguá, contemplar o Oceano Atlântico. Verão descansamos silenciosamente nas tardes. Hoje talvez vá a um Shopping, quem sabe Solfidone esteja por lá. Amanhã um ato contra uma ponte em cima de um córrego. E por que não despoluir nossos córregos? A cidade pega fogo e não sei retratar a festa nos pontos de ônibus em dias de domingo, desvendar os segredos do dia a dia. Quero sem destino, viajar pelo Vale do Paraiba, suas estradas, casarões, cachoeiras, mercados, sua cultura e sua gente . Eita Vale, quero cantar Canções…
Quem sabe nos vemos num ato contra uma ponte sem destino. Que cidade, tão louca e tão amorosa. Vamos conhecer nosso Vale sem destino? Espero que Fevereiro demore a chegar, para continuar a paz sem horários, compromissos em vida de poeta. E cadê Pasárgada?
Joka Faria
João Carlos Faria
Terça Feira 15 de Janeiro de 2019
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