Entre dores e amores

Entre dores e amores

Ouvi aquele pranto no meio da noite. Algo parecia desabar entre soluços convulsivos. Minha intuição indicava que alguma coisa terminara. Seria um amor? Possivelmente. Já vivi essa experiência de uma dor tão doída. De faltar o chão e a respiração. Mas, uma tarde de outono levou-me a uma reflexão e apaziguou-me o coração.

Da janela do meu quarto observava a leveza das folhas a cair no quintal.  Movidas por uma brisa suave, dançavam pra lá e pra cá, como se  estivessem perdidas no tempo e no espaço.

Esse movimento me fez refletir sobre a impermanência das coisas e  a alternância dos ciclos que vão e vêm, como as folhas.

Elas caíam, mas a árvore que ornamentavam permanecia em pé, enfrentando, com sua nudez, os rigores do inverno. Com paciência, aguardava a nova estação, pronta para recobrir-se com o manto multicolorido da primavera. 

Pensei, com o meu coração, como as folhas se assemelham aos amores perdidos. Nós somos como as árvores. Se nossas raízes estiverem bem fincadas no solo, sempre haverá esperança de novos afetos.

Por Gilberto Silos

Sobre Gilberto Silos 227 Artigos
Gilberto Silos, natural de São José do Rio Pardo - SP, é autodidata, poeta e escritor. Participou de algumas antologias e foi colunista de alguns jornais de São José dos Campos, cidade onde reside. Comentarista da Rádio TV Imprensa. Ativista ambiental e em defesa dos direitos da criança e do idoso. Apaixonado por música, literatura, cinema e esoterismo. Tem filhas e netos. Já plantou muitas árvores, mas está devendo o livro.

7 Comentários

Faça um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*