Entrevista com Carlos Abranches

O Portal Entrementes entrevista Carlos Abranches

Carlos Abranches, escritor, poeta, músico, jornalista, nasceu em Juiz de Fora MG. Mora em São José dos Campos desde 1995 onde trabalha como editor e apresentador na TV Vanguarda. Lançou recentemente o seu  Livro de poemas “A Casa que Mora em Mim”

 1.       Seu livro fala sobre as memórias afetivas da casa em que você morou em sua infância. O que o levou a abordar este assunto específico nesta sua obra?

R.: Senti necessidade de revisitar os arquivos pessoais que carrego comigo em minha memória afetiva. Trazer a infância para o presente é um exercício muito interessante de alinhamento pessoal.

2. Ao ler os poemas, somos arrebatados para lembranças próprias, de nossa casa de infância. Esta característica foi intencional em seu livro?

R.: exatamente. Pra mim, o mais importante é que o leitor faça sua viagem particular, para os ambientes onde residem suas lembranças mais caras. É o momento em que o livro deixa de ser meu e passa a ser também de quem o lê.

3. O projeto gráfico do livro é primoroso, com uma foto acompanhando cada poema. Num mundo tão visual como o de hoje, onde se lê cada vez menos, esta poderia ser uma saída para a Poesia? Uma união da Poesia visual e escrita?

R.: penso que é uma alternativa muito interessante. As duas últimas gerações foram desestimuladas a ler, sobretudo obras de poesia. Para não nos submetermos à triste realidade de ver poetas escrevendo apenas para poetas, vale muito usar recursos visuais para atrair leitores mais dispersos. Uma boa imagem pode valer por uma boa poesia!

4. Sua obra tem, ao final, a participação de vários poetas locais. Como anda a poesia joseense, na sua opinião?

R.: estou muito feliz de ter podido reunir amigos poetas e escritores, como Reginaldo Poeta, Zenilda Lua, Paulo Roxo Barja, Poeta Moraes e Dyrce Araújo como primeiros visitantes de minha casa poética. Percebo que não só eles, mas uma ótima geração de bons autores está tendo a coragem de lançar seus trabalhos. Cito aqui Danilo Alves e Oswaldo Jr., só pra começar.

5. Já que estamos falando de outros nomes, quais são seus autores favoritos na Literatura, não apenas poética?

R.: Gosto de muita gente. Na poesia, tenho relido com muito gosto Cecília Meireles e Manuel Bandeira; li recentemente um belíssimo livro – “Trem Noturno para Lisboa”, de Pascal Mercier, pseudônimo do escritor e filósofo suíço Peter Bieri. Na psicologia, dediquei boas horas de estudo ao pensamento de Humberto Maturana, biólogo chileno que escreveu “Amar e Brincar – os fundamentos esquecidos do humano”.

6- Já tem outros livros publicados? E os temas?

R.: tenho mais seis livros publicados, dois de poesia e quatro de reflexões histórico filosóficas, de cunho espiritualista.

7- Fale um pouco sobre a experiência de escrever poesia e também ser um músico.

R.: escrever poesia é uma forma de me inserir com qualidade na vida alheia. O poeta, se for aceito, passa a morar na memória criativa de seu leitor. Isso é uma honra para quem é lido. Quanto à música, me formei em violão erudito pelo conservatório de Música de Minas Gerais. Dei muitos anos de aula em escolas de música, em Juiz de Fora. Ter aprendido a escutar uma canção me ajuda muito a aproveitá-la em tudo que faço. A melhor música é aquela que, quando termina, não acaba dentro de mim. Por isso, vivo mobilizado pelas múltiplas sonoridades que permito entrarem por meus ouvidos.

8- O livro nesses tempos de redes sociais – A WEB facilita ou dificulta?

R.: tem espaço para os dois. É só fazer um trabalho atraente no conteúdo e na forma que haverá leitor interessado.

9- Arte – Ciência – Filosofia – Esoterismo. Como fazer a síntese dessas 4 áreas do conhecimento?

R.: Dessas quatro, só não conheço o esoterismo, mas imagino que ele possa se aproveitar das três anteriores para elevar seu nível de percepções. A filosofia tempera a existência; a ciência, se bem aproveitada, baliza os limites razoáveis para se entender com algum padrão de credibilidade o que é preciso conhecer, e a arte leva a gente a se rebelar contra os padrões. O artista é um rebelde por natureza; por essência, quebra a lógica da criação, inaugura novos olhares e assume sua total responsabilidade em propor ao mundo uma ressignificação de seus fundamentos, muitos deles superados. Como afirma o terapeuta existencialista americano Rollo May, a humanidade precisa do rebelde.

10- Onde podemos adquirir o seu livro?

R.: por enquanto, quem quiser, pode me procurar no facebook (Carlos Abranches). Ainda negocio com as livrarias uma maneira de coloca-lo à venda, desde que seja uma forma adequada para as partes, o que ainda não consegui.

11- Considerações finais.

R.: Um livro é a materialização de uma ideia. Como a gente é sempre mais do que isso, possivelmente vem mais coisa por aí. Novos projetos, novas propostas de escrever a própria história. É minha forma de tomar conta de mim – preparando-me para ser uma pessoa melhor e mais presente na vida das pessoas.

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