MARCOS PAGAN SPIRIT :
QUANDO O TALENTO FALA ALTO
por Cleber Crispim
Todos nós nascemos com algum dom… Alguns tem aptidão para atuarem, outros para dirigirem… Outros nascem com aptidão para os esportes… E assim por diante… O Ser Humano sempre necessitou se expressar, indiferentemente da arte que escolhe, geralmente de acordo com suas aptidões pessoais… Enquanto alguns ignoram tais dons, outros os lapidam como pedras preciosas, chegando ao ponto de acumular diferentes talentos, em diferentes Artes, e conseguindo um resultado surpreendente em todas estas áreas… Este é o caso de Marcos Pagan Spirit… Este taubateano de 49 anos, residente de Belo Horizonte/MG desde 2014, acumula funções como músico, compositor, produtor musical, editor de vídeos, designer de logotipos, artista gráfico de quadros, ilustração para álbuns, ilustração para tattoo’s, designer de artes Áudio Visual e ainda sobra talento para se sobressair na área da culinária… O Entrementes conseguiu contato com Marcos Pagan Spirit para um delicioso bate-papo onde Marcos nos conta sobre seus projetos pessoais e sua perspectiva de futuro da Arte…
Obscure Valley
1°: Conte-nos um pouco da história do Obscure Valley… Quando se teve a ideia de montar o projeto??? Como se iniciou o processo de composições???
MARCOS PAGAN SPIRIT: Olá a todos!
Bom, tudo começou exatamente em 1994, lá em Taubaté SP, onde eu comecei tocando guitarra na minha antiga banda de Death Metal que se chamava (Rest Human). Éramos Daniel na bateria, Fabrício nos vocais e eu na guitarra. O Rest Human tocava um Death Metal clássico tipo a banda americana Autopsy e Carcass do Reino Unido.
Fizemos apenas um show na época. Tocamos em Pindamonhangaba SP, em um barzinho perto de um cemitério…(risos). Foi um dia histórico e cansativo e ainda fomos premiados com uma imensa tempestade no final do dia…(risos)
Bom, mas vários problemas aconteceram desde então e resolvi acabar com o Rest Human. E então em 1996 resolvi voltar a tocar. Comprei um teclado, chamei o Daniel novamente para assumir o posto na Bateria, o Fabrício tocando guitarra e eu assumi os vocais e teclados. Assim foi o início do Obscure Valley. Já as composições musicais foram um processo um pouco lento, pois nós estávamos nos adaptando a um novo estilo musical, com novas idéias e muita vontade de tocar. Mas aos poucos tudo foi fluindo muito bem.
2°: Qual a origem do nome do projeto??? Alguma inspiração externa???
MARCOS PAGAN SPIRIT: A origem do nome Obscure Valley veio daí mesmo do vale do Paraíba.
Eu gostava muito de pescar com alguns amigos lá no rio Paraíba do Sul e existia uma estradinha com uma passagem sombria e obscura, cheia de árvores e muitos bambuzais. Parecia até um portal que nós apelidamos de Portal das Almas Perdidas. Dependendo do horário que se passava por lá era apavorante …(risos)
Bom, daí quando eu fui escolher um nome para o meu novo projeto, fiquei pensando em vários, mas muitos já existiam. Veio então o nome Portal das Almas Perdidas que em inglês seria Portal of Lost Souls, mas já tinha muitas bandas com esse nome e resolvemos abortá-lo também. Estava difícil, mas me veio a ideia: moro em um vale… Até aí tudo bem. E o obscuro? O obscuro surgiu daquela passagem sombria. Então uni as palavras Vale Obscuro e assim surgiu o Obscure Valley.
3°: Vocês chegaram a gravar uma demo ensaio instrumental… Quando foi isso??? Como foi o processo de gravação que usaram???
MARCOS PAGAN SPIRIT: Bom, no início tivemos muitos contra tempos e também novas adaptações.
Ensaiávamos muito e foi uma fase de muitas mudanças. Estávamos descobrindo um mundo cheio de possibilidades musicais. Era uma época em que o Black Metal e o Death Metal ditavam o cenário mundial e claro aqui no Brasil também.
O Obscure Valley ainda estava meio perdido nessa época. Então veio as inspirações. Como eu já era um admirador e fã das sagas de Conan o Bárbaro, conseguimos mesclar aos poucos nas nossas composições musicais esse universo mágico e fabuloso. Em 1999 gravamos uma demo tape caseira intitulada Epic Medieval Metal, mas ficou perdida na história e nem eu tenho esse artefato hoje.
4°: Tempos depois vocês gravaram o debut “Aracê”… Como foi o processo de composição das faixas??? Como foi o processo de produção do álbum???
MARCOS PAGAN SPIRIT: Aracê foi nosso primeiro trabalho oficial e o processo de composições de todas as faixas foi feito aos poucos, pois era a primeira vez que nós entrávamos em um estúdio. Era tudo novo para nós.
No processo das gravações começamos a gravar com o teclado primeiro, pois ele seria o instrumento guia para todos os outros. Depois veio a bateria, guitarras, vocais e por fim o contra baixo. E já que nós não tínhamos baixista o nosso guitarrista Fabrício assumiu essa tarefa. Quando chegou o final das gravações, curtimos muito! Devemos todos os créditos ao grande Fábio Zperandio da LabSix! Pois seu trabalho na mixagem e na masterização do CD ficou impecável!
5°: Aracê é um título curioso para um álbum… Qual a origem do nome do álbum??? Qual foi a temática aplicada???
MARCOS PAGAN SPIRIT: Bom, eu queria dar um título diferente para o nosso primeiro trabalho oficial.
Então pesquisei muito e me veio a inspiração de compor uma música instrumental para o álbum. Eu passar para o ouvinte a sensação de estar em uma floresta onde se podia ouvir o cantar dos pássaros, o barulho de uma nascente correndo calmamente. Depois de muitas pesquisas veio o nome Aracê, que em Tupi significa: o cantar dos pássaros pela manhã, nascer do dia. Então essa foi a inspiração não só do nome como a capa do álbum.
6°: Depois vocês chegaram a fazer algumas apresentações ao vivo… Como foi este período??? Tocaram em algum Festival???
MARCOS PAGAN SPIRIT: Sim, tocamos em alguns shows no Vale do Paraíba. Mas o nosso maior triunfo foi tocar no THORHAMMERFEST em SP em 2013, dividindo o palco com a grande banda da Letônia, SKYFORGER. Foi uma experiência fantástica!
7°: Fale-nos um pouco sobre os outros membros do projeto…
MARCOS PAGAN SPIRIT: Bom, no início o Obscure Valley contou com a matadora performance do brother Daniel Araújo e suas fantásticas evoluções na bateria e também com o grande guerreiro e irmão Fabrício assumindo o posto nas guitarras. Também tivemos o baixista Alex Conceição que ficou por um breve período na banda.
8°: Ao que parece, houve um rompimento entre vocês em 2014… Conte-nos um pouco sobre isso…
MARCOS PAGAN SPIRIT: Sim, eu tive que me mudar para Belo Horizonte MG, onde me casei com uma pessoa maravilhosa que me apoia e me dá a maior força em meus trabalhos e projetos. Bom, a distância foi e continua sendo o maior motivo do meu rompimento com os outros ex membros da banda. Mas hoje tudo isso já foi superado e continuamos grandes amigos. Eles têm um novo projeto que se chama Resist the Suffering.
9°: Tempos depois, você lançou mais um material sob o nome do Obscure Valley, chamado “The Beginning”… Conte-nos como foi o processo de composição e produção deste material… E como foi trabalhar sozinho no projeto????
MARCOS PAGAN SPIRIT: Na verdade esse material ainda é um vestígio da nossa primeira demo-ensaio contendo as mesmas músicas bem mais trabalhadas. Decidimos gravá-las em um estúdio, todos tocando juntos. Então eu não trabalhei sozinho.
10°: Segundo informações que recebemos, você está em estúdio trabalhando um novo material para o Obscure Valley… Pode nos adiantar algo sobre isso???
MARCOS PAGAN SPIRIT: Sim, já faz um um bom tempo que estou trabalhando nas novas músicas do Obscure Valley. Mas aconteceram alguns contra tempos que já foram superados.
Agora estou na reta final faltando apenas mixar os vocais nas faixas músicas e trabalhar na parte gráfica do álbum que vai se chamar When Night Comes.
11°: O que você espera do futuro para o projeto???
MARCOS PAGAN SPIRIT: Bom, espero que os fãs curtam as novas composições do Obscure Valley, pois este novo trabalho é totalmente dedicado a eles.
Lunnar
12°: Lunnar é outro projeto musical seu, que segue outra linha musical, diferente do Obscure Valley… Como se deu a ideia de criar este projeto??? Fale-nos um pouco sobre o estilo do projeto…
MARCOS PAGAN SPIRIT: O Lunnar está sendo uma experiência agradável e viajante para mim.
Eu criei o Lunnar baseado na temática do grande cientista e astrônomo norte americano Carl Sagan.
Este meu novo projeto é totalmente instrumental, passando para o ouvinte um ambiente cósmico e atmosférico.
13°: Ano passado você gravou e produziu um álbum com o Lunnar, chamado “In the Immensity of the Universe”… Como foi o processo de composição e produção do álbum???
MARCOS PAGAN SPIRIT: O processo foi bem interessante já que eu estava estudando e lendo algumas matérias sobre Carl Sagan e tudo fluiu naturalmente.
14°: Qual a temática por trás do álbum???
MARCOS PAGAN SPIRIT: Bom, como eu mencionei anteriormente, a temática é totalmente baseada nos livros e estudos do grande cientista Carl Sagan. Isso me inspira a criar melodias voltadas para o nosso grande Universo Cósmico e seus enigmas.
15°: Haverá apresentações ao vivo do Lunnar??? O que pensa a respeito???
MARCOS PAGAN SPIRIT: Não haverá. Bom, não sei ao certo (risos)
16°: O que você espera do futuro do projeto???
MARCOS PAGAN SPIRIT: Espero que o Lunnar tenha um futuro promissor e conquiste vários fãs desse gênero musical.
Artes Gráficas
17°: Você geralmente é procurado para desenvolver logotipos e logomarcas para bandas, projetos e empresas… Conte-nos um pouco sobre isso…
MARCOS PAGAN SPIRIT: Sim, geralmente muitas pessoas procuram minha arte. É sempre um grande prazer trabalhar com bandas, empresas e o público em geral. Sempre me esforço para dar o meu melhor,
Isso é muito gratificante!
18°: Você também desenvolve desenhos à mão para tattoo’s… Fale um pouco a respeito disso…
MARCOS PAGAN SPIRIT: Sim! Eu curto muito o mundo da tatuagem, pois trabalhei vários anos em alguns estúdios em Taubaté. Cheguei até a tatuar algumas pessoas, mas decidi que é melhor ficar só no papel mesmo por enquanto. (risos)
19°: Além de tudo, você também trabalha com ilustrações em geral, chegando inclusive a ilustrar capas de álbuns de bandas e projetos musicais… Conte-nos um pouco sobre isso…
MARCOS PAGAN SPIRIT: Bom, o meu mais recente trabalho foi ilustrar a capa do ASGALUN projeto do meu nobre amigo e irmão Cléber Crispin (Greven Nattvarg) mas também já trabalhei com outras bandas do nosso cenário underground como: Ophiolatry, Ancestral Malediction, Queiron, Descerebration entre outras, além das artes em meus projetos Obscure Valley e Lunnar.
20°: Você chegou a postar na sua Página no Facebook uma vez que você havia feito algumas esculturas… Como se deu este processo???
MARCOS PAGAN SPIRIT: As minhas esculturas começaram como um hobby. Mas aos poucos muitas pessoas começaram a me incentivar a vendê-las . Hoje tenho a página Espírito Livre Artes no Facebook e também no Instagram para expor as minhas peças que geralmente são incensários, souvenirs, esculturas temáticas como dragões, extraterrestres entre muitos outros. Os meus trabalhos são feitos somente sob encomenda.
Produção Musical
21°: Ao que sabemos, você mesmo produz tudo o que cria musicalmente… Quando começou a se interessar por Produção Musical???
MARCOS PAGAN SPIRIT: Meu interesse começou na década de 90 junto com o meu projeto Obscure Valley. Devido às circunstâncias da época, a inexperiência, a situação financeira, entre outros fatores só hoje eu consigo criar e produzir minhas músicas.
22°: Qual o programa que você trabalha???
MARCOS PAGAN SPIRIT: Atualmente estou trabalhando com o FL Studio. É um ótimo programa, cheio de recursos e possibilidades. Também pretendo em breve trabalhar com o Reaper.
23°: Alguma dica para quem estiver iniciando nesta área???
MARCOS PAGAN SPIRIT: Bom, vá a luta! Explore, estude bastante e nunca desista. Pois hoje com as novas tecnologias e recursos, temos o mundo em nossas mãos.
Culinária
24°: Ao que tudo indica, mesmo com todo talento comentado até aqui, ainda sobra tempo para a Culinária… Conte-nos um pouco sobre isso…
MARCOS PAGAN SPIRIT: Ah! Culinária! Hum… Até a palavra me enche a boca d’água (risos).
Sim, posso dizer que a Culinária é o meu hobby preferido. Sempre gostei de cozinhar, isso já vem de muito longe.
Tudo começou quando eu tinha uns 12 ou 13 anos. Eu ficava rodeando o fogão enquanto a minha saudosa mãe, dona Thereza, cozinhava. Eu ficava ali esperando um pedacinho de carne ou algo que ela estivesse fazendo de gostoso. Pois bem! Um dia ela me disse: ah! Já que você fica aí todo impaciente e esfomeado esperando por comida, vou ensinar você a cozinhar (risos).
Desde então eu comecei e nunca parei.
Nos anos 90 trabalhei como chapeiro e cozinheiro na cantina do Hospital Escola de Taubaté. E até hoje continuo cozinhando só que agora para a família.
25°: Você inclusive mantém um Canal no YouTube, certo???
MARCOS PAGAN: Sim, mantenho. Mas devido a minha maratona com os meus projetos, artesanatos e Rotina familiar diária fica difícil postar alguma coisa lá no canal.
Em breve vou mudar isso. Prometo!
26°: Existe algum Chef que seja referência para você???
MARCOS PAGAN SPIRIT: MINHA ETERNA MÃE!
27°: Marcos foi um enorme prazer conversar com você… As linhas finais desta entrevista são suas para passar o seu recado:
MARCOS PAGAN SPIRIT: Eu que agradeço a ENTREMENTES, a você Cléber Crispin por esta entrevista. Agradeço também a minha Amada esposa Renata Runas por acreditar em meus projetos e continuar me incentivando sempre.
Agradeço também aos meus sogros, o Sr Marcos Felix, em especial sua esposa Dona Leila de Almeida, que sempre me dá a MAIOR FORÇA! E também a toda minha família de Taubaté, meus amigos verdadeiros que sempre estão me apoiando! E a você leitor, que dedicou o seu tempo para ler essa matéria.
Meu MUITO OBRIGADO!
Faça um comentário