Erradicar o racismo estrutural e promover inclusão: reflexões para um Brasil igualitário
O mês da Consciência Negra no Brasil deve ser mais do que uma pausa para reflexão; deve ser um impulso para ações concretas e radicais contra o racismo estrutural que permeia a sociedade brasileira. Não basta identificar o racismo; é preciso transformá-lo pela inclusão ativa de vozes e histórias negras em todos os espaços, especialmente na educação. É nesse contexto que a psicóloga Êdela Nicoletti, especialista em Terapia Comportamental Dialética (DBT), defende um movimento decisivo de inclusão.
“Como pessoa branca, reconheço o privilégio de ter tido portas abertas que foram negadas a muitos. Mas minha trajetória de superação e aprendizado, inspirada nos sonhos e sacrifícios de uma mãe costureira e um pai faxineiro de escola pública, lembra que o valor de cada ser humano não deveria depender da cor da sua pele”, afirma Nicoletti.
A psicóloga destaca que a inclusão de obras de autoras como Carolina Maria de Jesus e Conceição Evaristo nos currículos escolares é uma estratégia fundamental para mudar perspectivas e desconstruir preconceitos, com um impacto direto sobre o racismo estrutural. “A literatura dessas mulheres oferece um espelho da realidade brasileira, da miséria invisibilizada e das experiências negras que raramente recebem espaço nas escolas. A inclusão dessas histórias deve ser vista não como uma alternativa, mas como um caminho indispensável para educar as futuras gerações sobre justiça e empatia”, reforça Nicoletti.
O racismo estrutural vai além de ofensas e agressões; ele é uma força silenciosa que impede a ascensão e igualdade da população negra, limitando acessos e oportunidades. Dados do IBGE mostram que a taxa de desemprego entre negros é quase o dobro da taxa entre brancos, reflexo de barreiras sociais que ainda definem quem tem direito a certos espaços. A especialista afirma que, para superar essas barreiras, precisamos promover ações concretas, começando pela educação. “Não basta falar sobre racismo. Precisamos de medidas que garantam o acesso de estudantes a uma educação diversa e inclusiva, onde autores e autoras negras tenham espaço e reconhecimento.”
Em um Brasil onde o racismo estrutural ainda é uma dura realidade, este mês se torna um convite para repensar e reestruturar nossas práticas e valores como sociedade. Nicoletti acredita que a transformação deve ser coletiva e baseada em ações que promovam a dignidade humana e o reconhecimento. “Assim como a leitura mudou minha percepção sobre o mundo, espero que a inclusão desses autores e dessas vozes transforme a vida de cada um de nós, gerando empatia e justiça para que possamos construir um futuro verdadeiramente igualitário”, finaliza a psicóloga.
Êdela Aparecida Nicoletti, psicóloga especialista em Terapia Comportamental Dialética (DBT) pela Behavioral Tech (Seattle-EUA) FBTC e DGERT e em Terapia Cognitivo-Comportamental. Com certificação em transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), Êdela é diretora do Centro de Terapia Cogntiva (CTC) Veda, mentora e tutora do Programa de Proficiência em Terapia Cognitiva e professora Honorária da Equipe Formadora do Instituto Nora Cavaco de Portugal.
Dérek Bittencourt
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