Está aberto até a hora que se fecha

Foto:  Reinaldo Prado

Por Elizabeth de Souza

Interessante frase à porta de um lugar que transforma a realidade: Persona!

 

 

Persona, a máscara grega que esconde a verdade, mas não a descarta, tornando-a sutil e simbólica. É a arte que se expande num grande espelho, deixando a vida mais amena diante do trágico.

O mágico permeia as ruas dessa cidade e as pessoas que perambulam por aqui, vem ao encontro da mãe natureza, do descanso em seus braços, nos seus leitos. Tanto as que nasceram por aqui, quanto àquelas ansiosas por renascer nesse canto do mundo, buscam o útero da Mãe Terra, num desejo de proteção, paz e harmonia.

Foto:  Reinaldo Prado

A cultura da paz ainda existe por entre as montanhas sagradas da Serra da Mantiqueira. O sonho persiste em continuar na memória, desde tempos remotos em que Paz e Amor, eram palavras de ordem.

Os que passeiam por essa cidade são ainda os que cultivam essa filosofia, ou é só curiosidade?

Seriam a Paz e o Amor, assuntos do passado? Sendo do passado, tornaram-se objetos de exposição e culto tardio de lembranças? O sonho persiste em rondar a memória humana, tatuando suas imagens fugidias.

As cachoeiras e seus belos nomes fazem voltar ao momento primeiro de cada um, alimentando os desejos mais secretos.

As bombas inatômicas são servidas em pratos de sobremesa, adoçando a boca, numa explosão de morangos avermelhados, esquentando as vísceras. Mas elas não trazem a morte e a desgraça, mas o desejo por Eros e a graça pela Vida.

Foto: Reinaldo Prado

Dividida em dois estados por uma ponte muito antiga, remete a alucinações onde se pode ver, passando por aqui, personagens que nunca se viu ou conheceu, mas que continuam as suas trajetórias naturalmente.

Foto:  Reinaldo Prado

Visconde de Mauá, Maromba e Maringá, três cidades inesquecíveis, pela beleza das montanhas sagradas, pelo vento que canta uma canção inexplicável, pelas águas que deslizam tranquilas umedecendo desejos guardados, pelo fogo das lareiras que crepitam saltando salamandras, pelo cheiro da comida que exala, buscando todas as fomes.

A subida e a descida das montanhas  ensurdece os ouvidos humanos, mas como Beethoven, dá pra ouvir o som do Universo. Quem dera perder-se nos números pra entender a ciência oculta com exatidão.

Esse texto foi publicado na Edição de Inverno de 2015 na Revista Entrementes:

Sobre Elizabeth Souza 408 Artigos
Elizabeth de Souza é coordenadora e editora do Portal Entrementes....

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