Estado mínimo
Por Teresa Bendini
E o Estado? Não foi sempre mínimo?
Mas você prefere seguir indefinidamente com sua filantropia. Quando quer e na hora que quer, você ajuda. E é assim que sua bondade vai se exercendo, conforme você a autoriza.
Carimbado por sua religião de “benemérito”, vai virar nome de rua. Assim segue exercendo sua vil justiça nos faróis, nas quermesses, e nos Natais quando se veste de Papai Noel. E como te faz bem exercer tua justiça social nas periferias. Então enche o seu peito de orgulho e alimenta os esfomeados. Em nenhum momento questiona a omissão do estado. O mesmo estado que você diz que tem que desaparecer. Não estará ele há muito desaparecido? Você enche seu peito de orgulho ao desempenhar o seu sagrado dever de distribuir migalhas. Você enche o seu peito de orgulho porque tua bondade te inflama. E como te faz bem exercê-la dessa forma, filantropicamente. Carimbado pela tua religião de: “perpetuamente Salvo”,
você segue distribuindo ajuda. Afinal o que seria da tua caridade, se dela, você não precisasse? O que seria da tua Religião? Da tua alma? Da tua culpa? Pois eu te garanto, tua alma não precisa que você sacramente a miséria e o abandono. É O ESTADO QUEM PRECISA DE VOCÊ. Ele quer que você ajude a construí-lo, exigindo dele, políticas públicas, que sejam igualitárias e permanentes. Políticas que venham no sentido de reparar um mal que continua sendo feito. Porque senão podemos perguntar, será justo o imposto que todos nós pagamos?
Então, hipócrita, pense em como te faz bem olhar de cima, aquele que te pede ajuda. Saiba que a dignidade desse, depende sim, de políticas públicas que venham de encontro à uma reparação nunca feita.
O pobre sabe que sua dignidade tem estado submissa, maculada, pela desonra que lhe impõe a tua caridade.
(teresa ben )
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