Eu? 08/04/2023 QL Souza Poesia 0 Eu Por Gustavo Terra Não sou o que de carne aguda se revestem as tribos nem árido sopé em edifício que se implode Não sou chama ave poste ou vendaval nem máscara do que me imagino Não sou oito nem oitenta nem a pátina gris de quarenta voltas frouxas em torno do sol em rotas de espera vã entre fé cega e dúvida e fuga em quimeras Não sou o que pinto em murais de efemérides ou esgares de desencanto Não sou nada do que me avulto ou do que me abandona nem mesmo o improviso em que me equilibro ao ouvir meu canto que não é meu tem a minha cara Não sou o vulto que a vista alcança que a fala fala e a noite excreta Não sou grande coisa nem coisa alguma nem o iluso desejo que em mim amadurece como rio que brota e se busca e mais se perde em se achar Não me sustém a nobre vontade se é vago o fruto do intento e uma ilha ao longe a saudade do fim do tempo O que me molda é a sombra do que não fui a verdade que ainda não vi o sonho de quem não sei quem sou. Gustavo Terra
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