Eu, filho das revoluções abortadas, só sei caminhar.
Dia distópico, ácido, mas ainda de resistência. E o poema sangra nossa calma alma. E a chuva de verão cai cai abundantemente nesta noite de solidão. Esta chuva a glorificar a vida que de besta não tem nada. Cotidianamente a fracassar em revoluções inalcançáveis aos cegos olhos dos pacatos cidadãos. As necessidades de vida falam mais alto que as velhas utopias. Leminski canta em espanhol sobre a consciência de classe. Nestes dias bárbaros, só existe a consciência de consumo. Estamos perdidos em congestionamentos de carreatas. Revoluções de uma decadente classe média. Eu, filho das revoluções abortadas, só sei caminhar.
Bandeiras rasgadas. Mulheres e Homens na decadência civilizatória. Deuses assassinados na ausência de consciência de classe. Só o deus mercado importa. O restante é lixo. Somos uma decadência liberal. Desistimos, não existimos. Cada um em sua própria dor diante do abismo vazio. Somos o silêncio existencial. Todos em desespero diante de shoppings fechados – Templo do deus mercado.
Joka Faria. João Carlos Faria
Janeiro de 2021, Verão.
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