Extrema pobreza humana

 

EXTREMA POBREZA HUMANA

Reflexão filosófica de Joka Faria

Num grupo de whatsapp de amigos, acabei de fazer uma reflexão sobre a conjuntura atual. Estranho, mas grupos de whatsapp não nos trazem debates, pois debate e reflexão se dão em encontros reais. No meu caso, como educador, no chão da escola, encontros reais com amigos ou em conversas nas ruas. Na internet vemos tudo bem trabalhado, as pessoas são felizes, como nos bares noturnos que felizmente não mais frequento. Um amigo meio avesso à questão das artes, pensou uma performance artística com a música “Naquela mesa” cantada por Nelson Gonçalves. Quantos talentos em nossa MPB.
Acabei de ler um poema desabafo de Edu Planchêz. Como a sociedade está vazia sem saber o que é luta de classe. Isto está fortalecendo cada vez mais a Extrema Direita que chamo de EXTREMA POBREZA HUMANA. Comerciantes no geral aderem a esta ideologia bem antes do fenômeno Bolsonaro. Isto deve ter um financiamento muito forte. E a esquerda em sua diversidade não está refletindo isto. Aquela invasão anunciada em Brasília provavelmente é só o início. O grupo Wagner na Rússia é um caso desta luta contra as democracias. Quantos grupos assim os Estados Unidos financiam?
Estamos imersos nas redes sociais, uma alienação. E não é fácil mobilizar as pessoas. Os sindicatos, Cut e afins não mobilizam a classe trabalhadora que em minha cidade se acha classe média. Nos grandes centros urbanos cada vez mais se aumenta o número de moradores de rua. Hoje vi uma travesti vendendo balas no centro da cidade, nem deu tempo de parar a bicicleta para colaborar. As pessoas do universo LGBTQI a mais, continuam a ser excluídas de diversas formas da sociedade. Só vemos ações em discursos politicamente corretos da mídia. Temos muitos motivos para nos socializar, nos organizar e somos uma sociedade sem empatia e sem lideranças. Desculpe, só se mobilizar em partidos não se fortalece a democracia. O sindicalismo está sem lideranças, é só uma burocracia. Nada de novo para aperfeiçoar surge na sociedade.
O filme Matrix, Blade Runner nos assusta com o crescimento da Inteligência Artificial. Tenho acompanhado as reflexões de Marcelo Marins em seu canal Os filhos das estrelas no youtube. Hoje na feira do Bairro Santana tinha uma resistência cultural do grupo Velhus Novatus, uma mulher doava livros. E acabei trazendo um velho livro de Simone de Beauvoir chamado O SEGUNDO SEXO. Como fazer resistência como este site Entrementes? Companhia Bola de Meia e seu espaço numa área nobre da cidade. Alguns espaços de resistência surgem nas periferias Brasil afora. Minha geração já está passando dos 50. E ela tem muito por fazer, para alguns que estão no poder podem fazer. E nós aqui como na canção, dando milho aos pombos. Uso as armas das artes, leitura, reflexão. E vamos seguindo sem nenhum medo. Conseguiremos construir asas para saltar no abismo?

João Carlos Faria, artista e professor

25 de Junho de 2023, Domingo, Inverno.

 

Nelson Gonçalves no Ensaio

https://youtu.be/RqtVivWwrI0

 

 

Poema de Edu Planchêz

agradeço ao cosmo por não fazer shows há bastante tempo,
por ser zombado, por continuar a escrever sem parar,
por ser sombra, sombra de janis joplin, e jimi hendrix,
a vontade é de sumir, morrer, abandonar tudo,
minhas vozes não são ouvidas,
sei que pode parecer que estou lamentando,
e estou, sereno e humano, eu lamento e agradeço,
até o meu sofrido lamentar,
o sofrer escroto de um homem torpe, quadrado,
velho, derrotado pela indústria dos belos,
dos que lambem fezes para continuarem dançando
entupidos de cerveja e burrice
o Qi dos muitos que nasceram após o meu nascer,
o teu nascer, é limitado,
onde caber poesia nessas quase aberrações,
ou totalmente aberrações?
e eu que vivo renascendo e lutando para que outros renasçam,
vez por outra quase opto por tudo abandonar,
eu lamento existir sobre a terra-planeta seres tão desprovidos
das visagens de antonin artaud

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