“Ferrugem na Canela” é o novo single do carioca Bersote

A capital do petróleo, o Brasil dos anos 10, a exploração do trabalho; são essas algumas das inspirações de “Ferrugem na Canela”

Com produção da Reurbana, a música é uma das faixas de “Visto a Camisa”, EP que o carioca de Macaé lançará em setembro

 

O carioca Bersote lança a faixa “Ferrugem na Canela” na terça (13), primeiro single de “Visto a Camisa”, EP que chega em setembro. O single vem acompanhado de clipe no canal do YouTube do cantor. A faixa é produzida pela Reurbana, duo de produtores cariocas que já trabalhou com artistas como JOCA, L7NNON e Anchietx. As fotos do projeto são da Elisa Maciel, que já trabalhou com artistas como Ariel Donato, Mãeana e BIAB. “Ferrugem na Canela” está disponível em todas as plataformas de streaming.

Escute nas plataformas digitais

“Ferrugem na Canela” é o bom exemplo de quando o significado da arte é o resultado da interpretação de quem a consome, e do lado de quem a faz, também. O eu lírico desta canção, seja ele uma pessoa ou um coletivo, é por natureza identificável, mas é nítido que escreve para um passado e que vive um presente de casualidades. “Quem ouve não sabe bem se o eu-lírico é um entregador, alguém no corre da cidade, nem qual é esse passado que ele parece cantar. A ideia de alguém que vai e vem, circula por todo canto, mas que não consegue evitar certas marcas do caminho.”, disse Bersote.

“A letra dessa música é interessante porque ela veio num freestyle [improviso comum em batalha de rimas]. As imagens e as palavras iam surgindo já com melodia pronta em cima de um beat inicial que criei. O resultado final é de algo fragmentado, quase que um fluxo de consciência. Essas imagens todas pintam algo, um passado de alguém, talvez um passado coletivo.”, contou Bersote.

Por ter nascido em Macaé (RJ), a capital nacional do petróleo, e a música ser uma extensão sua, ele conta que o lançamento reflete “sobre petróleo, indústrias pesadas, sobre uma ideia coletiva de progresso e exploração ou mesmo uma ideia de país confusa. A música tem muito das obsessões de alguém que cresceu sob a atmosfera de esperança em torno da descoberta do pré-sal e o que aquilo representava para as famílias brasileiras, mas que também testemunhou o Brasil dos anos 10 e a catástrofe climática. Alguém que olha para os lados e vê jovens de bicicleta com bags nas costas por todos os lados, sem tempo para comer, beber água e ir ao banheiro, porque há mais uma entrega a ser feita.”, disse.

“Ferrugem na Canela” é descrito por Bersote como um R&B ou pop alternativo, mas com identidade brasileira. “Me perguntam se ela é calma ou dançante, e eu respondo que não é nenhum dos dois. É uma canção pra balançar o pescoço, dessas que você se pega cantarolando pelos cantos. Ela foi produzida pela Reurbana, dupla carioca de produtores, que eu conheci ouvindo o álbum do JOCA, e sabia que eles iam entender o que eu buscava. Para nós, foi importante explorar coros bem suaves por cima do instrumental, que é bem rico com teclas com bastante destaque, guitarra groovada e baixo bem presente também. Dá uma sensação de jam session, que ficou ainda mais sofisticada com a percussão do Maré por cima do beat.”

É desse jeito abstrato que “Ferrugem na Canela” chega às plataformas de streaming como single, e dá um gostinho quente do próximo EP de Bersote, previsto para 3 de setembro. “Essa faixa diz muito sobre o EP e sobre o som que tenho buscado para o futuro. Sinto que ela reúne elementos presentes em todas as outras faixas do EP, e por isso foi escolhida como single e como a faixa de abertura. Esse foi o trabalho mais colaborativo e diferente de tudo que já fiz até então.”

Crédito: Elisa Maciel / Divulgação

Sobre Bersote

Nascido em Macaé (Rio de Janeiro) e vivendo na capital carioca desde os 18 anos, Bersote é cantor e compositor, além de jornalista, ator em formação e ilustrador/pintor. Bersote estreou sua carreira oficialmente nas plataformas digitais em 2023 com o EP “Calor”, embora sua vida musical tenha iniciado no início da adolescência.

Caetano Veloso, D’Angelo, Ella Fitzgerald, Milton Nascimento, Elza Soares, entre outros são artistas que o influenciam, assim como o R&B, rap, MPB, bossa nova, jazz, samba. As artes plásticas, a literatura e o cinema são outras importantes influências.

“A música preta está bem presente na minha música. É algo que percebo há algum tempo. Seja a sutileza do canto no samba de raiz ou no drama R&B. O jazz me acompanha em tudo que faço. Também digo que todas as minhas canções estão dentro do guarda-chuva da MPB, mas com uma identidade pop, mesmo quando vou para o jazz ou para a bossa nova.” Já as letras de Bersote exploram a autodescoberta, o dia a dia, e o amor, ainda que este com um cunho filosófico e questionador.

Noize, MTV Brasil, Tenho Mais Discos Que Amigos, Hits Perdidos, Música Pavê, Revista Arte Brasileira e outros veículos jornalísticos já divulgaram seus lançamentos.

 

Ficha técnica

Letra – Bersote

Produção musical e arranjos – Reurbana

Mix – Reurbana

Master – Martin Scian

Voz – Bersote

Guitarra – Ivo Costa

Baixo – Luigi Tedesco

Teclado – Victin

Percussão – Rodrigo Maré

Coro – Phee Mabel e Tori

Arranjos de coro – Phee Mabel e Tori

Capa do single “Ferrugem na Canela” – Foto de Elisa Maciel e design de Marina Japiassú

Capa

Foto – Elisa Maciel

Design – Marina Japiassú

Vídeo

Direção – Bruno Soares

Imagens – Bruno Soares

Edição – Bruno Soares

Roteiro – Bruno Soares e Bersote

Grafismos – Marina Japiassú

Animação de grafismos – Vinicius Braz

Elenco: Bersote, Ana Beatriz Rodrigues, Ana Bee, Andy, Ellen Bispo, Mauro Abi Abib

 

Letra

Ferrugem na canela

Pois é, é caramelo

Era bonito o meu desespero oh

 

A esquina, ventania

Nicotina no seu avental

 

É tudo que eu me lembro

O som da bicicleta

Ou era eu chorando

Ferrugem na canela

 

Volta e meia cê me encontra

Estamos por aqui

Volta e meia cê me conta

Mas não fala o que eu comprei

Vamo fazer por aí

Vamo fazer por aí

O ouro negro, o rosto negro, o sangue negro

O ouro negro, o rosto negro, o sangue negro

 

Pois é, é caramelo

Era bonito o meu desespero oh

 

A esquina, ventania

Nicotina no seu avental

 

É tudo que eu me lembro

O som da bicicleta

Ou era eu chorando

Ferrugem na canela

 

Volta e meia cê me encontra

Estamos por aqui

Volta e meia cê me conta

Mas não fala o que eu comprei

Vamo fazer por aí

Vamo fazer por aí

O ouro negro, o rosto negro, o sangue negro

O ouro negro, o rosto negro, o sangue negro

 

Eu lamentava

Só esperava

Era a promessa

A terra nova

A providência

 

Volta e meia cê me encontra

Estamos por aqui

Volta e meia cê me conta

Mas não fala o que eu comprei

Vamo fazer por aí

Vamo fazer por aí

O ouro negro, o rosto negro, o sangue negro

O ouro negro, o rosto negro, o sangue negro

 

Eu lamentava

Só esperava

Era a promessa

 

Vamo fazer por aí

Vamo fazer por aí

Vamo fazer por aí

 

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