O telescópio espacial James Webb vem trazendo perspectivas absurdamente novas de exploração de uma parte ínfima do universo, por enquanto a única observável por nós, desprezíveis humanos.
Sucessor do famosíssimo Hubble, o ilustre James deu ao Google a ideia do Google Earth Reverso. Ou seja, do zoom em nosso mundinho miserável a fim de fuçar na rua de casa e no quintal da vizinhança passamos para o sentido contrário, onde o ponto de partida passa a ser do planeta Terra para fora, e não para dentro.
Liguei o computador e pus-me a caminho. Percorrendo, a cada seta apontada para a frente, centenas e talvez milhares de anos-luz entre um pontinho e outro detectado pelas lentes.
Foram mais algumas semanas indo adiante, adiante e mais adiante, com milhões de cliques de avanço de imagem todos os dias, estrelas após estrelas, nebulosas após nebulosas, em uma viagem para a frente que não teria fim. Pelo menos era isso o que pensava, até aparecer uma advertência do Google Earth Reverso:
SE QUISER PROSSEGUIR DAQUI EM DIANTE, É POR SUA CONTA E RISCO.
Encarei a advertência, que só me instigou a continuar minha jornada patrocinada pelo Google e pelo telescópio com nome de mordomo. Pisei mais fundo no acelerador, meses a fio, varando madrugadas. Quase tive lesão por esforços repetitivos pela quantidade imensurável de comandos de avanço no mouse e no teclado, prosseguindo com a aventura.
Só sei que fui indo, indo, indo. Aos poucos o fundo negro foi se transformando em branco. Totalmente branco. Indo adiante deu para identificar um jaleco. Depois a trama do tecido e em seguida uma cabeça de mulher curvada sobre um microscópio. Me aproximando mais, vi os fones em seus ouvidos. Até que cheguei tão perto a ponto de escutar, ainda que bem baixinho, a música “Across the Universe”.
Site Google Earth: https://www.google.com.br/intl/pt-BR/earth/
Canção “Across the Universe”: https://www.youtube.com/watch?v=90M60PzmxEE
Esta é uma obra de ficção
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Imagem: Divulgação NASA
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