Guerra, dois povos por uma mesma terra

 

Guerra, dois povos por uma mesma terra

Reflexão de Joka Faria

A vida de todos nós anda estranha, cercada de guerras em vários cantos do planeta.
E a minha está um caos duas vezes seguidas no mês, infecções de garganta. Estou acompanhando estas crises em silêncio. Dois povos por uma mesma terra, Paz é algo que não temos.
Hoje caminhei numa Via Chamada Cambuí, um córrego do Rio Paraíba do Sul, transformada em canção por Léo Mandi, um excelente cantor, poeta e compositor, que o Brasil precisa descobrir como esta estranha terra de Cassiano Ricardo – tem tanta gente talentosa morando nela e o Brasil desconhece esta cena. Temos que invadir Sampa?
Hoje a cena cultural necessariamente dá voz aos povos originários desta terra que passa desde 1500 por uma constante invasão. E as periferias foram forjadas a ferro e fogo. Hoje às 15 horas na Cambuí peguei um circular para retornar ao meu bairro. Início ou final da zona leste. Bairro bem estruturado. E o ônibus vindo do Putim estava lotado, não fotografei e nem filmei pois os riscos de problemas são imensos. A periferia de minha cidade tem mais de cem bairros irregulares que não são assistidos pela prefeitura. Pelo contrário, como em GAZA casas são demolidas. E vivo numa das cidades mais ricas do Brasil.
Governada por uma câmara sem vez e voz e um grupo político que se mantém no poder mesmo quando a oposição assume. Uma câmara que não faz o papel de órgão fiscalizador.
E a nossa cena de cultura, poetas, atores, músicos, cineastas, artistas plásticos e na educação, professores. Pessoas que estão em inúmeros grupos de whatsapp e não conseguem liderança para mudar a realidade excludente da cidade. E eu, como vou me sentir tranquilo para dar uma opinião sobre uma crise internacional?
Se não consigo contribuir para resolver os problemas da cidade da Via Cambuí, São José dos Campos, SP.
Enfim, não cuidamos da vida social de nossas cidades e das exclusões que nelas acontecem, como o crime organizado e o Estado desorganizado, vamos dar palpite em assuntos internacionais? Minha cidade há bastante tempo não organiza saraus de ruas. Já pensei em vários com temáticas ambientais e sociais. Tivemos a desocupação do Pinheirinho, assunto que tornou -se internacional. E depois foi construído um bairro com o mesmo nome para seus ex – moradores. Temos inúmeras escolas, faculdades e universidades. E não buscamos resolver a questão do Banhado e seus moradores. E nem dos bairros chamados clandestinos. E como se posicionar nesta guerra entre os povos árabes? Sim, toda guerra é estúpida e cruel. Mas, e nossas injustiças sociais? Cadê um movimento social capaz de encerrar uma lógica nefasta da administração da cidade, desde os tempos do Sobral, prefeito biônico da ditadura militar?
Enfim, parece que não temos lideranças políticas à altura de nossos desafios. E os Bolsonaristas, Malufistas continuarão no poder político desta cidade? Ou aprenderemos a fazer política com P maiúsculo para o bem comum?

João Carlos Faria

Professor e escritor

13 de Outubro de 2023
São José dos Campos SP Brasil
Primavera

Show de Sapos na Cambui com Léo Mandi.

3 Comentários

  1. O mundo é a nossa aldeia e nossa aldeia é o mundo…tudo que fazemos é reflexo e reflexão sobre o mundo. Se em nossa aldeia temos problemas, concordo, é preciso lutar, mas não se compara a mísseis e bombas lançadas numa prisão a céu aberto. E se considera a guerra cruel, já está emitindo opiniões. Nossos problemas sociais não se compara a uma guerra…
    Abraço

    • A geopolítica naquela região do planeta é complexa. Portanto estou no momento só acompanhando. Mas se invadisse minha terra? Que foi tomada dos povos indígenas em 1500. Eu ficaria tranquilo? Ali existe desespero, Gaza sem água, luz , remédios, alimentos, sem internet. Como o mundo não resolve este conflito de várias décadas?
      E em Israel aquele velho padrão de classe média alienada da realidade. Fazendo festa ao lado de um povo massacrado. Pelos senhores da guerra. É estranho um povo que foi e é tão perseguido fazer o mesmo que fizeram os nazistas na segunda guerra.
      Abraços.

  2. Gostaria de salientar que a preocupação com os problemas sociais a que me refiro é a de São José dos Campos que não se compara com a cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, que realmente rola uma “guerra”.
    Abraço!

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