Hamburgão
Por Fernando Selmer
Voltando pra casa no horário de pico e cada dia pior, presenciei um acidente de moto. Sem grandes proporção, mas o cara ficou lá na beira do asfalto esperando o resgate enquanto o trânsito dava aquela tumultuada ainda mais.
Pensei que tipo de entrega que o moto boy estava fazendo:
Opção 1 do cardápio: Lanchão à moda da casa, Chips e refri pet delícia. Ligação possível:
– É da lanchonete? – Sim, em que podemos ajudar?
– Meu pedido não chegou ainda.
– Estou verificando aqui senhor. Tivemos um problema com moto boy que se acidentou.
– Se o meu lanche não chegar em 10 minutos vou cancelar geral.
– Ok senhor, tenha calma jã estamos enviando outro motoboy pra pegar o pedido que não teve nenhum estrago e levar para o senhor, obrigado.
O refri virou champagne e tá borbulhando…
Pedido 2: Fatos verídicos acompanhado cheddar x.
Entrega na quebrada: o motoboy fala com seu parça que também faz o mesmo corre. Bora lá entregar o lanche que os maluco deve tä uma semana sem comer.- Preconceito da porra em mano. Pensei mas não falei, continuei tomando meu açai e nunca mais colei naquela parada. Zuado, o mano entregando lanche e discriminando quem mora na favela. Imagina se um truta da favela fica sabendo duma fita errada dessa. Já era pai. E vai vendo que mais Loko. Imagina um truta desse, cheio de preconceito chegando pra entregar o lanche esnobando e o mano ou mina que recebe ainda dá uma caixinha pelos corre? Saco a diferença, parça! E se o mano se fode pelo caminho porque tava tirando a quebrada. Quem sabe as lições da vida faz o mano aprender a ser gente e ter consciência de classe social. Quanto vale um x-salada pra alimentar mentes vazias…
Pedido 3: Possíveis regressões a lá carte.
Gangue dos cachorro Loko entregando o pedido pessoalmente com chutes no portão, gritos, buzinaço, aceleradas e pavor de escapamento depois do maluco agredir o parça que fazia os corre de entrega pra garantir o ganha pão diário honestamente…A maionese azedou hein pai, mas o lanchão tá na promoção..
A percepção de consciência de classe já não existe. Mesmo os que se dizem de esquerda. Que movimento social está nas ruas?
Em São José casas são demolidas e não vemos a indignação da sociedade e todos contra quase todos. Onde está a empatia e a solidariedade? Só em discursos vazios de ações reais.