São Paulo, Selva de Rock: Heróis da Rua de Baixo misturam rock com funk para falar da violência policial na cidade
(Foto: Bárbara Catta)
No coração da metrópole pulsante de São Paulo, um grupo de jovens músicos se reúne, oriundos de diferentes bairros da Zona Norte, como Jaçanã, Morro Doce e Santana, para tirar fotos na Capela da Aflitos, localizada no bairro da Liberdade. Recentemente, o grupo que se intitula “Heróis da Rua de Baixo” escolheu uma forma única de celebrar o aniversário da cidade de São Paulo: lançando o single São Paulo, selva de rock, como uma homenagem crítica. As fotos tiradas eram para divulgar o single, e o local escolhido é um importante símbolo da luta contra o apagamento da história negra, em meio ao crescimento do comércio e da moradia de culturas asiáticas na cidade, que também abriga muitas pessoas em situação de rua e marginalizadas. Perfeito cenário, portanto, para uma música cujo refrão é “São Paulo, selva de rock; Pedra não fumo, taco no choque!”.
A Capela dos Aflitos é um local de devoção a Chaguinhas, um cabo negro do Primeiro Batalhão de Santos, que foi executado após participar de uma revolta por melhores salários e direitos iguais entre trabalhadores brasileiros e portugueses durante o Império. Sua figura tornou-se um símbolo de resistência para aqueles que lutam por justiça social.
Em Santos, cidade de Chaguinhas, vem ocorrendo chacinas policiais, a chamada Operação Escudo e Verão, vinganças apoiadas pelo Estado. Na capital os homicídios assinados pelas forças estatais de Tarcísio têm aumentado. Na Brasilândia, a sanguinolência dos fardados chegou ao ponto de um PM espetar com um fuzil a garganta e matar um rapaz que passava de moto, simplesmente por que quis. Este é apenas um exemplo do que ocorre aos montes em diversas localidades da cidade, do Estado e do país. Hoje fala-se da milicianização da polícia de São Paulo.
Outro número que aumenta: o suicídio dos policiais, difícil não pensar que seja pelo aumento do stress de estar numa guerra constante. Quem sabe o que ocorreria se eles seguissem o exemplo de Chaguinhas, um soldado do lado dos oprimidos? Sonhar não custa.
Daí os motivos da banda escolher o local para falar de uma música que aborda, de um jeito combativo, a questão da violência policial.
Foto: Bárbara Catta
Os Heróis da Rua de Baixo desafiam as tendências dominantes ao se aventurarem em um gênero aparentemente datado: o rock. No entanto, sua abordagem musical é marcada pela ausência de preconceitos, pois incorporam elementos do funk, do rap, dos ricos ritmos afro-brasileiros e dos diversos subgêneros do rock. Uma mistura que reflete a diversidade cultural na qual vivem.
As letras de suas músicas, todas autorais, trazem uma variedade de temas, desde relacionamentos amorosos até questões políticas e aspectos do cotidiano, sempre com uma abordagem profunda, mas ao mesmo tempo descontraída. Os Heróis da Rua de Baixo refletem uma geração que foi às ruas lutar por direitos, que revoluciona costumes, está no “nem-nem” e veem o mundo num impasse, encontrando na arte uma forma de refletir sobre essa realidade.
E assim como a Selva de Pedra original, o single absorveu influências musicais de diversas partes do mundo, como maracatu, ritmos latinos, funk carioca e jazz. O guitarrista e luthier Luka Barone participou, contribuindo com sua pegada de blues à canção. Os Heróis, tal como Chico Science fez em sua época, observam e interpretam seu território, lançando luz sobre as violências e contradições do seu entorno. Inevitável notar que ideias de Glauber Rocha, As Mercenárias, Sabotage, Racionais e Trilha Sonora do Gueto também foram sampleadas nesse som.
São Paulo, selva de rock é o segundo single do grupo e apresenta o álbum semi-homônimo “Heróis da Rua de Baixo ou Desculpa pelo Rock”, a ser lançado em abril. O single foi produzido por Bel Aurora, gravado no Estúdio Sinestesia e lançado pelo selo Lyra Noise / YB Music.
Ouça São Paulo, selva de rock: https://lnk.fuga.com/saopauloselvaderock
Sobre a banda
Heróis da Rua de Baixo é um projeto autoral criado por adolescentes rebeldes que hoje são adultos inconformados. A ideia começou com a antropofagia de indie gringo com funk brasileiro, adaptando letras em inglês que não cabiam em suas bocas. Tiram poesia do chorume das vielas, das noitadas paulistanas, das piadas ruins que fazem, das novas e velhas formas de amar, das injustiças de classe, do ato heroico de se ver no outro. Querem salvar o mundo do tédio, desespero e do cinismo dos quais também fogem.
A banda é composta por quatro integrantes: Vinicius Marciano – o Super Greve – no vocal e guitarra e também nas composições, Dominique Aires – a Super Grave – no baixo, Lucas Chain – o Super Groove – na bateria, e Caê Zamariola – o Super Drive – na guitarra e no pincel.
O grupo multiétnico compartilha de gostos heterogêneos e ecléticos. Caê é desenhista, multi-instrumentista, e tem grande paixão por música brasileira; Chain é programador, assiste campeonatos de LoL e estuda teoria musical; já a Dominique é arquiteta e sustenta o alternativo da banda indo em vários shows gringos; e Vinicius é designer, músico, estuda editoração, tem um passado como ator e militante trotskista, escuta de quase tudo e assim escreve também.
Soam cortantes, dançantes, às vezes aéreos, às vezes pesados. As referências são Tom Zé, Mutantes, Gil, Gal, Sabotagem, Pixinguinha, Jackson do Pandeiro, Novos Baianos, Nação Zumbi, Mercenárias, Patifes Band, Jorge Ben, Los Hermanos, Juçara Marçal, Criolo, Letrux, MC Carol, MC Bin Laden, The Clash, The Cure, Gorillaz, The Cat Empire, The Strokes e todos que se dizem poetas sonoros. Reivindicam fazer parte da música negra mundial, o rock nasceu tão negro quanto o hip hop. O povo preto armou os oprimidos do mundo todo com diversos ritmos capazes da transcendência, expurgo e sublimação, e essa sonoridade usam para ecoar suas ideias pelo universo.
A banda vem ocupando casas de show e festivais de música independente de São Paulo e região como: Porão da Cerveja, Associação Cecília Cultural, A Porta Maldita, Festival Cruza, Spirogyra Festival, Picles, Festival Grave na Greve da USP entre outros.
Ficha técnica de São Paulo, selva de rock
Título: São Paulo, selva de rock
Composição: Vinicius Marciano
Guitarra solo: Luka Barone
Trompete: Luiz Gabriel
Violão: Vinicius Marciano
Baixo: Dominique Aires
Voz: Vinicius Marciano
Bateria: Lucas Chain
Alfaia: Vinicius Marciano
Triângulo e coquinho: Bel Aurora
Segundas vozes: Dominique Aires, Lucas Chain, Caê Zamariola, Luka Barone e Bel Aurora
Produção musical: Bel Aurora
Assistente de produção musical: Luka Barone
Produção executiva: Mariana Zito
Assistente de produção executiva: Edu Marquioli
Arranjo e direção musical: Bel Aurora e Heróis da Rua de Baixo
Gravação: Estúdio Sinestesia em julho de 2023, Gabriel Assad como engenheiro de som responsável
Edição: Bel Aurora, Enrico Morello e Pedro Valdetaro
Mixagem: Bel Aurora e Gabriel Assad
Masterização: Gabriel Assad
Capa: desenhos de Aryani Marciano e Caê Zamariola e edição de Mariana Zito e Bárbara Catta
Produção audiovisual, animação e edição do lyric video: Rodrigo Leão
Selo: Lyra Noize
A&R: Cris Rangel
Redes e perfis
Site – Heróis da Rua de Baixo
Instagram – Heróis da Rua de Baixo no Instagram
YouTube – Heróis da Rua de Baixo – YouTube
Twitter – Heróis da Rua de Baixo (@hdaruadebaixo) / X
TikTok – Heróis da Rua de Baixo no TikTok
Spotify – Heróis da Rua de Baixo no Spotify
Deezer – Heróis da Rua de Baixo no Deezer
Apple Music – Heróis da Rua de Baixo no Apple Music
Tidal – Heróis da Rua de Baixo no Tidal
Amazon Music – Heróis da Rua de Baixo na Amazon Music
Assessoria de imprensa
Mariana Zito
marianazito.imprensa@gmail.com
+55 11 9 8282 0244
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