Histórias contadas pelo rio
Da antiga propriedade restaram a ruínas da casa grande
abraçadas pelos cipós que pendem das árvores imensas
que lançam sombras sobre histórias muito tristes
do tempo em que o país era sustentado pela escravidão,
quem será que ali plantou um salgueiro da babilônia,
que o vulgo também chama de chorão?
Os homens se ausentaram da terra
mas os semelhantes acharam espaço para os semelhantes
e agora entre os guapuruvus e embaúbas tem bananeiras,
no meio dos caniveteiros e manacás tem laranjeiras,
ao virar a página do livro de história, a exploração acaba,
e agora só os pássaros aproveitam a doçura da jabuticaba.
O rio do lugar continua a correr entre as pedras
e contar as mesmas histórias do começo da criação:
“aqui a alga virou limo e grimpou as pedras,
ali nasceu o avô do peixe e pai do camarão,
o Cuidador das águas sempre amou os viventes
desde quando as ondas do mar vinham até às nascentes”.
Domingos dos Santos
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