Hoje tem sol, com vendavais!
A gente tem até vontade de jogar a culpa nos equipamentos que estão perdidos lá no céu, mas existem tantos outros motivos. E hoje tem sol, mas com vendavais.
Vou ver se encontro Paulo Simões, sugerido pelo colunista do Entrementes. Minha adolescência não foi muito premiada com músicas. Era ainda a ditadura que comandou as rádios de 1966 a 1980 sem ter muito o que escutar – A não ser pela Record que passava os programas musicais. Na época, poucos tinham televisão. E o gravador era aquele que até teria um hoje, que era uma caixa quadradinha e que dava pra carregar como uma bolsa. E não era barato.
Nesses anos, quem passou pela adolescência vivia quase numa bolha; não tinha acesso a jornais porque poucos locais tinham barracas de jornais e revistas. O que líamos era do açougue e supermercados. Na escola era a matéria dada às pressas e a lição de casa levava horas para fazer, porque livros só em bibliotecas distantes e não haviam ônibus e dinheiro para tal atividade. Na escola, a professora só pensava em encontrar atletas para vender os passes. E fiquei sabendo que lucravam com isso. E matéria educação, dedicação, para quê? Para usar onde? Então tiramos o diploma para poder encontrar um emprego melhor. O aprendizado, a educação inteligente, ficavam para os Liceus, os colégios arquidiocesanos que tinham alunos selecionados que faziam parte de uma elite menos rica, mas uma elite. Penso que essa geração foi uma das que mais perdeu. Onde só se ouvia falar de perder a virgindade ou não namorar pra casar ou não ser hippie ou viver com os pais. Enquanto isso, a ditadura torturava os infiéis. E os estudantes acreditavam que era assim mesmo que se estudava nas escolas. Hoje olho e vejo como nós não tínhamos escolha e que a educação viria do conhecimento de livros escondidos e de difícil acesso.
E noutro dia, escutei um professor de oitenta anos contando que ele deu aula numa escola em São Paulo, onde havia maior parte crianças orientais, de famílias que fugiram de guerras e esses pais pediram para que fosse retirado a educação física ou jogos e colocasse no lugar, aulas práticas de crianças em assuntos filosóficos e até visitando clínicas e idosos, trocando experiências – sem nada para competir onde eu sou o melhor ou o mais. E todas essas crianças hoje, são adultos resolvidos. Alguns fizeram medicina, outros abriram empresas e se reencontraram, porque ficou um elo profundo de humanidade. Esse professor estava feliz e foi uma época especial. A diferença entre competir e se humanizar, com o pedido dos pais, é que nunca mais queriam presenciar uma guerra. E assim também a música é uma educação para nossos sentimentos e ideias.
Este professor, de fato, foi um educador de responsabilidade e dedicação; numa época ainda possível, onde crianças de diversas idades tinham de aprender tudo, até os costumes. Aprender a reconstruir sentimentos. E hoje este professor é desconhecido. Só é lembrado pela escola – aquele que substituiu a educação física pela educação de vida prática.
Shirlei M.
Muito triste o decaimento
Da educação, em tantos aspectos!
Hoje, somos vítimas; somos reféns;
Somos nocivamente provocados
Por monstrinhos sinistros que
Bombam besteiras, idiotices e
Absurdos, e ficamos pasmos!
Djalmax ⭐