INGRATOS FILHOS DA MÃE-TERRA
Por Gilberto Silos
O conjunto de 430 árvores do Bosque Betânia (Avenida Tívoli) é um valioso patrimônio natural e ambiental. Não se pode permitir que seja sacrificado em benefício do capital, do lucro de uns poucos. Há que pensar nos direitos da população antes de transformá-lo em estacionamento. Trata-se de um caso em que o direito de propriedade deve ser relativizado. E, nesse particular, o poder público não pode omitir-se.
É mais um episódio, entre tantos outros, a comprovar o desapreço do homem pela natureza, rendendo-se a um questionável conceito de progresso. E , isso não acontece somente na tecnológica São José dos Campos, mas no mundo inteiro.
Merece uma profunda reflexão a barbárie que vemos ao nosso redor, com o ambiente natural agredido a todo o instante. A ação predatória do homem parece não ter limites. Chega às raias da irracionalidade. Não respeita a legislação, nem princípios éticos, muito menos a advertência dos cientistas.
Cabe-nos questionar se também não somos cúmplices desse processo suicida; se não estamos, de alguma forma, envolvidos no esquema do consumo exagerado e desperdício dos recursos naturais do planeta.
É muito cômodo imaginar que a poluição atmosférica, os derramamentos de óleo, o odor pestilento dos rios transformados em esgotos a céu aberto, são fatos independentes da nossa vontade. Criticamos as indústrias poluidoras mas consumimos exageradamente seus produtos. Demonizamos a sociedade de consumo mas criamos a sociedade do desperdício.
Homem, animal, vegetal e mineral são partes integrantes da natureza. Interagem e interdependem. Formam um conjunto que num passado não muito distante foi harmonioso. A quebra dessa cadeia vem provocando desequilíbrios com funestas consequências para o ser humano.
É triste admitir, mas a natureza está jurada de morte pelos seus próprios filhos. E o que é a natureza a não ser a própria Terra com todos os elementos que a compõem ?
A ideia da Terra como mãe de todos nós foi muito defendida pelo historiador Arnold Toynbee em sua obra Mankind and Mother Earth. Foi, porém, no último volume de A Study of History que ele concluiu magistralmente: O homem, a criança da Mãe-Terra, não conseguirá sobreviver ao matricídio, se chegar a cometê-lo. A pena para esse crime será a própria aniquilação.
Lutemos, pois, para que as árvores do Bosque Betânia permaneçam a salvo !!
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