Não sou muito afeito a renovar propósitos para o ano novo. Para mim, os dias seguem seu rumo e sempre é tempo de iniciar ou terminar algo, seja lá o que for. Depende das circunstâncias e de outros fatores, mas não rigorosamente do ano civil.
Se as condições de um determinado momento são favoráveis a começar um projeto, por que não fazê-lo, se esta é a nossa intenção? Por outro lado, se o projeto já deu tudo o que poderia dar, não seria oportuno finalizá-lo? Não faço, entretanto, nenhum reparo a quem gosta de fazer planos e estabelecer metas para o ano entrante. Trata-se do ponto de vista particular de cada pessoa.
Isso tudo me faz lembrar a simbologia de Janus, um dos mais importantes deuses do panteão romano. No calendário da Roma antiga, ele deu origem a “ januarius” (janeiro) , o primeiro mês do ano.
Janus era representado com duas faces, voltadas para lados opostos: uma jovem, para a frente; outra enrugada e envelhecida, para trás. Era a divindade dos términos e dos inícios, das mudanças e das tradições. Também fazia alusão à dualidade entre todas as coisas, predominante aqui no mundo físico.
Segundo alguns, versados em astrologia, na figura de Janus encontramos a influência dos planetas Saturno (a face envelhecida) e Urano (o rosto jovem). Ambos são regentes do signo de Aquário, por onde o Sol começa a transitar no mês de janeiro.
A face enrugada simboliza as experiências adquiridas ao longo do ano recém findo, pelas virtudes saturninas de disciplina, limites, austeridade e responsabilidade. São fatores importantes na garantia da estabilidade de qualquer projeto. Por outro lado, a face jovem indica as qualidades de arrojo, espírito inovador e visão de futuro, necessárias ao sucesso de um novo empreendimento. O equilíbrio entre essas duas influências é o pilar das iniciativas de sucesso.
Janus coloca passado e futuro diante de nossos olhos. Não podemos prescindir das experiências e aprendizados já vivenciados. Mas, sem olhos no futuro e disposição para acolher o novo, o ano prestes a iniciar-se será tão velho como aquele do qual estamos nos despedindo.
Aos leitores e leitoras desejo um feliz Ano Novo, que seja novo de verdade!
Por Gilberto Silos
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