Nossa querida São José dos Campos!
O Entrementes esteve com José Luiz Alves da Silva, filho de ninguém menos que Benedito Alves da Silva, sim ele mesmo, uma da mais ilustres personalidades da história da Capital do Vale do Paraíba, construtor de alguns imóveis icônicos da cidade, entre eles, o Cine Teatro que leva, com toda a justiça, o seu nome.
José Luiz nos contou várias e interessantíssimas histórias sobre seu pai, que podemos conferir no vídeo que acompanha a matéria, então procurarei focar mais no teatro em si aqui na parte escrita, ele que é uma das mais importantes construções da cidade, e que infelizmente hoje se vê escanteado pelo poder público.
Sua construção teve início em 1946 e foi terminada em 1950. Inicialmente ele foi concebido para ser um salão paroquial, e foi denominado Salão Paroquial São José, comportava 700 pessoas e era destinado a festas beneficentes e de cunho religioso. No mesmo espaço também funcionava o Cine Teatro São José.
Na década de 1950 ele foi alugado e se tornou o Cine Real. Já na década de 1970, o Departamento de Cultura da prefeitura joseense alugou o local para realizar projeções cinematográficas e também atividades teatrais.
No ano de 1981 o prédio acabou declarado de utilidade pública, mas sem ser adquirido pelo poder público.
No ano de 1986 foi criada a Fundação Cultural Cassiano Ricardo, que assumiu as funções do então já rebatizado Cine Teatro Benedito Alves da Silva, em homenagem ao seu construtor. A FCCR utilizou o espaço para as mais diversas atividades culturais, sendo destaque entre elas o projeto Cineclube. Infelizmente para a cultura da cidade, ele acabou desativado na década seguinte, sendo devolvido à Mitra Diocesana. Em 2000, acabou sendo integrado ao patrimônio da Prefeitura Municipal de São José dos Campos, por intermédio de uma permuta com a Mitra.
Pouco a pouco ele foi sendo deixado de lado, e relegado ao descaso, agonizou de vez e acabou fechado em 2003, o que foi um duro golpe no coração cultural da cidade.
Longos 17 anos de espera e abandono se passaram, e finalmente foi anunciado que ele voltaria à vida. Acabou reinaugurado com toda a pompa que esse ícone artístico da cidade merecia, com 270 lugares e um lindo visual, além de um anexo (com arquitetura de gosto duvidoso destoando completamente da beleza clássica do Cine Teatro) cultural para exposições artísticas.
Mas a alegria durou pouco… apenas 6 meses depois, com a troca de governo na cidade, ele voltou a ser fechado, sob a alegação de que havia sido inaugurado sem estar devidamente pronto. O que os olhos da população não viam, o coração dos técnicos do novo governo sentiram, e foram citados problemas técnicos de eletricidade (risco de sobrecarga), escoamento de água, exaustor de fumaça, entre outros, como justificativa para um novo fechamento do Cine Teatro Benedito Alves da Silva. Foi comunicado que as novas obras custariam mais 500 mil reais aos cofres públicos e que deveriam ocorrer ao longo de 6 meses.
As portas estão fechadas já há quase 1 ano e meio, e nada foi feito. O descaso com a cultura segue firme e forte, e a cidade continua privada de uma maravilhosa construção histórica que já foi palco de tanta cultura e ainda tem tudo para continuar sendo um Norte aos amantes das artes da cidade.
Sou um simples poeta e não tenho a menor condição de debater com os peritos que fecharam o prédio, mas é mais do que óbvio que o problema não é apenas técnico e econômico nesse caso.
Quando teremos o Cine Teatro Benedito Alves novamente para nós? Ninguém sabe dizer… pois os responsáveis possuem cabeças fechadas, e como diria o poeta, cabeças fechadas resultam no que vemos ao passear pelo Banhado e olhar para o Cine Teatro no outro lado da rua… cabeças fechadas resultam em portas fechadas.
Conectando ideias, conectando interesses artísticos acima de tudo!
DALTO FIDENCIO
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Confira abaixo a entrevista completa:
Abril/2018
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