LÉO MANDI – Álbum “Inevitável Céu” (Completo) | 2007

EFE/Antonio Lacerda

LÉO MANDI – Álbum “Inevitável Céu” (Completo) | 2007

Quantos universos além dos versos que não arrisco a criar – Ou canção em memória dos mortos. Cem Mil mortos!

Esquecer-nos-emos de sair de casa aos sábados à noite e a solidão talvez seja a verdadeira realidade humana! Quem nos receberá após a morte? Onde estávamos antes de nascer? Realmente existimos? E ai José, mais de cem mil mortos, não tem pedra no caminho, mas uma montanha de mortos. E quem esta chorando por eles? Dias e dias de pandemia e muitos a negam, uma mera gripe? E a vida já não é a mesma. Perdidos entre dias e noites neste imenso big brother de lives e aventuras nas redes sociais. Desemprego, negócios falidos, vidas e vidas ceifadas.

E estamos aqui em nossa solidão disfarçados em telefones tão complexos, computadores. A solidão é ingrata na madrugada após a série do momento e uma conexão que sempre falha. Quantas vidas vivemos nos livros e séries que lemos e assistimos. Nosso prazer é viver vidas através de personagens que nunca seremos e o Oceano Atlântico a cem quilômetros de minha casa e a Serra da Mantiqueira a trinta quilômetros. E nós aqui parados? Meditações, orações muitas vezes de maneira eletrônica. E a fé ultimamente, ás vezes falha, né Gilberto Gil. Mas é preciso ter gana sempre, como diria Milton Nascimento. Não dá para atravessar espelhos, cruzar portais e ver os moços do disco voador.

Talvez não sejam o reflexo desta forma humana? E nos decepcionaríamos de ver que não tem Índio. Já assistiram homens de preto? Quantos universos além dos versos que não arrisco a criar. Tantas e formidáveis perguntas e repetidas vezes digo que está nos supermercados de filosofias, religiões e crenças; cada um escolhe a que lhe cai bem em suas pesadas consciências. Só assistimos a historia acontecer diante de nossos olhos em instantes televisionadas. Nunca iremos ver aquele índio da belíssima canção de Caetano Veloso. Quantas músicas que dariam belos roteiros daqueles filmes bem filosóficos. Hoje ouvi a tradução de Like A Rolling Stone de Bob Dylan e lembrei-me de uma música de Léo Mandi em que a casa de uma garota pega fogo e ela sai pelo mundo. Que conexão, Bob Dylan e Léo Mandi.

E a vida é passageira, mas a arte fica guardada em nossa imortal alma. Lembremos de nossos mortos.Talvez este escrito entre num dia dos pais, mas todos os dias comemoramos a vida dos que nos amam, os presentes e os que já partiram. Quantas pessoas nos deixam em nossa vida, como num conto de Rubem Fonseca. Saudemos os vivos e lembremos dos mortos que nos deram o sentido da vida e ajudaram a construir o que somos em qualidades e defeitos entre mal e bem. Não somos deuses somos mortais nascemos e morremos. Mas vivemos!

Joka Faria
João Carlos Faria

Inverno de 2020

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