Linha de frente
Sem “rima” ou regra
Só dor… e cor
Talvez odor e guerra.
Não há paz na poesia.
A poesia é terra, é luta.
Sempre política e ética,
Estética em corpo e labuta
A poesia é goela muda
Em grito profundo.
A indignação da palavra interdita.
Do verbo interrompido.
Sofrível a palavra poética
Infantil, pueril em sua negação
Do já dito. Do mesmo em si. Sempre
Igual e representado.
Sofrida palavra que ergue bandeira
E propõe a luta.
Contra qualquer subalterna conduta.
Contra, inclusive, a eterna culpa,
a paranoia e cansaço social.
Não há “amorzinho” poético,
Há sempre a paixão épica, mesmo que seja
Individual, residual, regional, pessoal…
Política sempre, pois é luta por espaço
De voz, de terra, de direito, de vida
Mesmo que seja contida, pequenina.
Mesmo que seja um afago, quando poética
A palavra é resistência.
Insistência de arte, sentido e sensível.
A arte é sempre luta.
A palavra em estado de arte é resoluta
É lugar de fala e combate.
O verbo embriagado de poesia é arma convicta.
Também é flor que convida.
Convida sempre pra luta.
O ser sensível é guerreiro
Em seu derradeiro perceber e viver o mundo.
Há um sem fundo
Um murmúrio que só a poesia ouve e habita
De lá ela forja sua rebeldia profunda.
Ronie Von Rosa Martins
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