Manter viva nossa espécie!

Manter viva nossa espécie!
Por Raul Tartarotti
Sozinhos ou em boa companhia, envelhecemos de qualquer forma, mas por vezes nossas almas clamam tanto, que necessitamos sufocar esse sentimento com uma dor física, que pode ser espetar agulhas abaixo de nossas unhas.
Nas línguas derivadas do Latim a palavra compaixão significa que não se pode olhar o sofrimento do próximo com o coração frio; em outras palavras: sente-se simpatia por quem sofre, que poderia ser por nós mesmos.
Até os insetos criam proteções específicas, no deserto eles têm espinhos que servem de escudo e para armazenar água em uma casca-grossa, que a região inóspita exige á sobrevivência.
Somente as crianças sofrem por ausência de proteção sem força para se defenderem quando são agredidas de alguma forma.
Como ocorreu com uma menina de 10 anos, moradora da cidade de Teresina no Piauí. Ela foi estuprada, ficou grávida, e o filho nasceu. Aos 11 anos ela foi novamente estuprada, e corre na justiça seu direito ao aborto.
Um corpo de menina nessa idade não está preparado para uma gestação. Essa criatura de Deus sofre emocionalmente uma carga descomunal, que torna insuportável seu momento de vida.
Por vezes se repete o conceito inferior, que sociedades discriminatórias permeiam as relações com as mulheres, com status degradado, como foi na antiga Grécia, onde a homossexualidade era prática comum entre os homens, e as mulheres ficavam exclusivamente reduzidas às funções de mãe, prostituta ou cortesã.
Ao final do século XV, milhares de mulheres foram queimadas vivas na fogueira, como efeito da repressão sistemática que durou quatro séculos de “caça as bruxas”.
O conhecimento e abnegação femininas incomodavam a igreja e os poderosos daquela época. Elas foram as curadoras populares, parteiras, e detinham saber próprio que lhes era transmitido de geração em geração.
Por isso os tribunais da Inquisição foram cruéis e varreram a Europa torturando e assassinando em massa as pessoas julgadas heréticas ou bruxas.
Talvez em nosso universo paralelo, que é a essência do eterno retorno, já se encerraram os ataques ao sexo feminino.
Hoje as bruxas são uma legião do século XX, que não podem ser queimadas vivas, constroem pela primeira vez no mundo masculino do patriarcado, seus valores virtuosos.
Resgatam o prazer, a não competição e a conservação da natureza, nos permitindo manter viva nossa espécie por mais tempo, e assim vingar as bruxinhas da idade média.
Sobre Raul Tartarotti 94 Artigos
Natural de Gramado, Raul teve formação básica em Eng. Biomédica. É cronista em diversas publicações no Brasil e exterior, impressa e eletrônica. Estudou literatura Russa, filosofia clássica e contemporânea. Suas crônicas são de cunho filosófico e social, com objetivo de trazer reflexão ao leitor sobre temas importantes de nosso cotidiano.

2 Comentários

  1. É preciso muita compaixão e muita empatia para viver nesse mundo, não é mesmo, Raul?
    O sofrimento de todas as espécies vivas do planeta, que também é um ser vivo é gritante. Nós humanos vivemos em sofrimento só de ver o sofrimento alheio, é insuportável. Não dá para ser feliz vendo outros seres infelizes. Mas vamos sobrevivendo a tudo isso, porque a força é maior dentro da gente.
    Excelente reflexão!

    • Muito obrigado por seu comentário. Por vezes o leitor não percebe sérias dores na rua, mas não me faço de rogado em descrevê-las.
      Grande abraço.

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