
Meu mundo sem celular
Perdi meu celular. Esqueci-o em algum lugar. Aconteceu na Semana Santa. Nada estranho para quem já milita na faixa etária
dos 80+. A despeito do adesivo com meu nome e endereço nele colado, ainda não o recebi de volta. Paciência.
Amigos e parentes manifestaram-se a respeito, como se ficar sem o celular fosse uma calamidade. Não para mim. Não é a única via a permitir-me transitar pelas redes sociais. Ainda tenho o e-mail e o telefone fixo para conectar-me com o mundo.
Sei que nos dias em que vivemos dispor de um celular é importante para muita gente, sobretudo na vida profissional. Isso tem de ser respeitado. Mas, cada caso é um caso.
No meu caso particular nada de substancial ou relevante mudou. Ninguém sofreu com essa perda. O mundo permanece o mesmo. Putin continua às turras com Zelenski. Trump mantém sua guerra econômica contra o mundo. O Banco Central insiste em aumentar os juros. A Seleção Brasileira segue jogando aquela bolinha miudinha. “Nada há novo debaixo do sol”, leio no Eclesiastes.
Dizem que nas perdas e traumas apelamos para a espiritualidade. Então volto ao Eclesiastes: “Tudo tem seu tempo
determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu”.
Talvez ainda não tenha chegado o tempo de me devolverem o celular. Não vou ficar ansioso por causa disso.
Vida que segue.
Por Gilberto Silos
Quando ficamos sem o celular, abre-se um leque de possibilidades e temos certeza que há muita vida além da tecnologia.