Meu nome é Gal: crítica

 

Meu nome é Gal: crítica

Data de lançamento: 21 de setembro de 2023 (Brasil)
Diretoras: Dandara Ferreira, Lô Politi

Assisti a este filme hoje na plataforma Telecine. Achei um imenso desperdício de tempo, assim como o filme “Mussum, o Filme”. Dois grandes nomes das artes brasileiras foram mal aproveitados em dois filmes onde “medíocre” é um elogio.

Me segurei até o final esperando alguma melhora na narrativa e acabei assistindo um trecho de “Hair” no YouTube, de Miloš Forman, que me motivou a escrever esta crítica, algo que não é de meu feitio. Que desperdício ver momentos marcantes da cultura brasileira, como a Tropicália e o humorístico Os Trapalhões, tão maltratados e sem brilhantismo nesses filmes. Isso não é a norma do cinema nacional. O período histórico das décadas de 60, 70 e 80 foi mal retratado nesses dois filmes.

Faço esta crítica porque sei que há diretores e produtores criativos que poderiam ter explorado melhor essas histórias nacionais que nos inspiram a criar constantemente. Recentemente, o polemista Pondé comparou o cinema nacional ao cinema argentino, desqualificando o cinema nacional na Folha. Discordo de Pondé. Temos um grande cinema desde o princípio; os próprios Trapalhões produziram obras populares que lotavam os cinemas duas vezes por ano e concorriam com clássicos como “E.T.”. O cinema latino-americano em língua espanhola é super criativo, não apenas o argentino.

Explorar a Tropicália a partir de Gal foi estranho; Caetano se segurava para não brilhar neste filme. Os personagens eram apáticos, assim como no filme de Mussum. Para nós, cinéfilos, é estranho ver grandes histórias sendo desperdiçadas, mas nas mãos de grandes diretores, elas podem ser bem contadas, como pelo cineasta José Joffily, João Batista de Andrade, Fernando Meirelles, Anna Muylaert, entre outros que podem ser mencionados em outras críticas. Faltou ousadia nestes dois filmes. Criar é um desafio constante, mas o cinema deve superar isso, e veremos esses personagens retratados de forma adequada em outros filmes. A rebeldia da década de 60 merecia mais; por enquanto, fico com “Hair” de Miloš Forman. Fico até com receio se surgisse a chance de criar um roteiro e dirigir um filme. Mas criar é ousar.

Joka Faria, 16 de julho de 2024

3 Comentários

  1. discordo, o filme me emocionou…estava lá o SOLAR FOSSA, torquato neto, Wally Salomão…

  2. Nem todo dia tem Bacurau.
    É natural que a mediocridade reine num momento onde a arte se sujeita a influências de anunciantes mesmo que eles nem peçam.
    Mas se serve de consolo, isso não é só no Brasil.
    A produção de Hollywood foi pro vinagre faz tempo e deve nas próximas duas décadas ser suplantada pela indústria cultura de Coreia do Sul, Índia, Turquia, Japão e China.o fato é que em tempos de IA, só o que for artesanal e autêntico sobreviverá. No cinema TB tem Moranguinho do nordeste.

Faça um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*