Monstros

 

Monstros

Por Milton T. Mendonça

Plec! Trec! Tum! Scrosh! Shisss! O barulho entrou pela janela, flutuou no ar, ricocheteou na cômoda, bateu no chão e penetrou dolorosamente em seu ouvido esquerdo. Ele dormia.

Acordou sobressaltado e se sentou na cama. A escuridão o cegava e ele virou a cabeça para a janela forçando a vista. O som se fez ouvir novamente apavorante: Plec! Trec! Tum! Scrosh! Shisss! Um arrepio percorreu seu corpo magro, o deixando atordoado. Olhou para os lados, estava sozinho. A grade que o cercava era alta, grossa. Ele estava preso.

Um fio de luz prateada iluminou o chão e ele pode ver alguma coisa olhando-o. Os olhos vermelhos o fixavam querendo dizer algo. Encolheu-se apavorado.

Observou pássaros voando em círculo sobre sua cabeça. Ao longe, sobre algo negro, pequenos seres estavam em pé e o observavam famintos. Cobriu-se tentando não ser visto.

O barulho continuava lá fora: Plec! Trec! Tum! Scrosh! Shisss! Sombras corriam pela parede, alucinada. Tudo ao redor era uma só coisa viva e tentava pegá-lo. Ora com garras compridas, ora com dentes afiados. Ele gritou apavorado, esperando a morte alcançá-lo a qualquer momento. Gritou uma, duas, três vezes.

De repente a porta se abriu e a luz se acendeu salvadora. Sua mãe o pegou no colo e fechou a janela, fazendo escorregar para o chão, o papel preso à sua beirada. E tudo voltou a ser tranqüilidade,

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