Morro do Couto – Itatiaia

 

Morro do Couto – Itatiaia

Por Nunes Rios

 

Meus primeiros 2.680 metros de altitude foi emocionante, foi intenso e aventureiro. Sair da zona de conforto, esquecer de bons restaurantes e comer comida vegana, para ficar mais leve. Mentalizar o objetivo, vencer medos, dúvidas insistentes e o que esperar do inesperado. E o fator perigo, o que fazer para errar o menos possível na montanha. Parece que nunca aprendo, não sei andar leve .A única vez que andei leve passei fome, sede e zonzeira. Onde tem pontos d água, qual a verdadeira topografia do lugar, grau de dificuldade. Enfim tudo foi deixado de lado e agora é hora de parar de planejar e subir. O preparo demais é sinal de insegurança? Não sei só sei que tem hora que é hora de agir e ir como pode. Dizem que o que vale é a aventura e não o cume. Acordei 3h30 da manhã e pensei, hoje vou subir o Couto, a oitava montanha mais alta do Brasil. Depois de um bom banho, arrumamos as coisas e partimos. Não me lembro precisamente a hora da partida sei que demoramos pra partir.  Oito e meia da manhã estávamos na Dutra sentido Engenheiros Passos. Fizemos o retorno e entramos na cidade de Engenheiro Passos, voltamos sentido Itatiaia e finalmente chegamos um pouco antes da entrada da parte Alta do Parque. Primeiro Parque Nacional do Brasil que completou oitenta anos este ano. Por volta de umas 9h15 estávamos numa venda tomando um bom café da manhã para subir a montanha brava. O carro é baixo, isto dificulta e torna cansativa a chegada até a portaria do parque.Tem que ir com carro alto por que é muito cansativa a estrada, que ora é asfaltada, ora cimentada, ora aplanada e com pedras e outras, esburacada e muito buraco mesmos. Enfim chegamos a portaria do parque parte alta posto do Marcão. Eu que pensava que este nome porque havia algum posto de gasolina ao lado da portaria. Conversando com os guardas descobrimos que Marcão era um guarda do parque que trabalhou ali muitos anos e o local acabou apelidado pelos montanhistas de portaria parte alta posto do Marcão. Mas para chegar até a portaria, antes passamos pelo brejo da Lapa, abrigo Rebouças, Monte do Camelo e vimos muitos biólogos que estudavam a fauna e a flora do lugar, no caminho que leva até a entrada do parque a portaria. São 17 quilômetros de estrada muito difícil , chega a ser mais cansativa que a subida a montanha. Faltando ainda uma boa distância até a entrada passamos por um mochileiro, paramos o carro e oferecemos carona, porém o mesmo recusou sem nos dizer o porque da recusa. Pensamos, cada cabeça uma sentença, eu fiz a minha parte seguindo as convenções que rege as regras da prática do montanhismo que diz que devemos ser cortês com todos os companheiros, mantendo um ambiente de amizade e ajuda entre os mesmos. Mais tarde passado já um bom tempo, encontramos com o mesmo na portaria aí eu observei atentamente seus equipamentos e percebi que o mesmo estava com um contador de passos na sua blusa, aí sim achamos o verdadeiro motivo de sua recusa por carona. Pois isto havia me intrigado, tem hora que  a gente acha que está ajudando e estamos atrapalhando, só creio que o mesmo deveria agradecer a oferta da corona e dizer o motivo da recusa, pois sua recusa sem explicações soou mal.

 

Na portaria paguei as taxas de entrada, não me lembro o valor real, só lembro que estrangeiros pagam o dobro e que os que são de Itatiaia é gratuito conforme o dia, alguma coisa assim. Preenchi a ficha de responsabilidade de condutor da subida. Após uma avaliação rigorosa, orientações e as últimas perguntas dos guardas do parque foi autorizada a nossa subida. Subimos e subimos, porém devido ao bom preparo das aventuras anteriores, não sentimos grandes dificuldades. A Silvana em um dado momento sentiu falta de ar, eu não senti nada. Acredito que a mesma tentou subir num ritmo muito forte e isto deve ter causado a falta de ar. Mais nada que uns minutos de descanso e o fôlego recuperado e voltamos a subir. Agora porém com a minha mochila e a mochila dela. Um pouco de dificuldade nos últimos metros. Quando chegamos, nem acreditamos, não tinha ninguém lá. Só silêncio total, barulho só do vento, aquele maravilhoso lugar reservado só para você, pense nisso. Que coisa linda da natureza, que emoção. Recomendo a todos, isto é Brasil que não conhecemos. Este é o lado bom do Brasil que precisamos conhecer para poder preservar, pois o conhecimento nos leva a conscientização da preservação ambiental .

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Agosto de 2017

 

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Morro do Couto

 

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