Mostra “Cartografias de uma viela: tecido de pele e tinta” celebra as vivências e a produção artística periférica no Instituto Çarê
Projeto foi desenvolvido ao longo de oito meses em que os curadores dialogaram com os seis artistas
O Instituto Çarê e o IEB apresentam a exposição “Cartografias de uma viela: tecido de pele e tinta”, que segue em cartaz até 23 de novembro de 2024 no Instituto Çarê, na Vila Leopoldina, em São Paulo.
Curada por Sônia Salzstein e Claudinei Roberto da Silva, a mostra reúne as obras de Adriele Oliveira, Danilo Juliano, Deusvaldo Pereira, Difavela, Luiz Lira e Ramon Santos, artistas que resgatam as memórias do território que habitam, a partir de uma pesquisa no acervo do Instituto de Estudos Brasileiros – IEB-USP.
“A exposição propicia o encontro com o trabalho de cada um dos seis artistas aqui reunidos e nos faz vislumbrar a experiência pungente de um lugar. Para mim, em especial, tornou-se claro, no decorrer do processo que nela resultou, que essa experiência diz respeito ao lugar físico e existencial do qual os trabalhos brotavam, remetendo à geografia e à atmosfera que acolhem os deserdados da “cidade oficial”, que sempre tratou de empurrá-los para mais longe e, assim, de invisibilizá-los”, em trecho do texto da curadora Sônia Salzstein.
“A variedade dos resultados apresentados, exposta na multiplicidade dos recursos técnicos postos a serviço dessas poéticas, e a especificidade dessa gramática preta, proletária, periférica, antirracista, feminista e insurgente, valem-se também de meios histórica e tradicionalmente consagrados, como a pintura, a gravura e a fotografia.”, afirma o curador Claudinei Roberto da Silva em seu texto.
Sobre os artistas
ADRIELE OLIVEIRA_ Mulher negra e favelada, é graduada em arqueologia, militante afrofeminista e artivista. Integrante dos coletivos Mizangas – Movimiento de Mujeres Afro e Dinegro Lambe, é autora do livro Favela: flor em resistência – o lugar ausente, publicado pelo Instituto Acaia em 2022. O bordado e a escritura são as linguagens com as quais vem trilhando o caminho do artivismo.
DANILO JULIANO_ Iniciou-se na xilogravura, pintura e grafite aos nove anos, frequentando o Instituto Acaia. Morador da favela do Nove, em São Paulo, aprofundou-se no campo artístico explorando diferentes linguagens nas oficinas da instituição. Sua arte retrata o que vive.
DEUSVALDO PEREIRA_ Natural do Piauí, vive em São Paulo desde 2006. Formado em Processos Fotográficos e cursando bacharelado em Fotografia no Senac, quer contar sua própria história e a do povo preto. Desde 2018, usa a fotografia para documentar a favela do Nove, onde vive. Em 2023, participou da Residência Caatinga, no Piauí.
DIFAVELA_ Nascido e criado na zona norte de São Paulo, iniciou sua carreira artística no grafite em 2004. Em 2017, teve contato com a xilogravura. Participou de exposição coletiva na galeria Casa Visual Galeria (Palmas, 2021) e de residências artísticas. Seu trabalho apareceu nas revistas MOYA – Atlantic Fellows for Racial Equity (AFRE) e Revista da Universidade de Colúmbia, Nova York.
LUIZ LIRA_ Artista, teve seus primeiros contatos com desenho, gravura e audiovisual no Instituto Acaia. Pesquisa a construção do corpo dentro do espaço, nos sentidos político e artístico. É graduado em Artes Visuais pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Participou de exposições como Xilo: Corpo Paisagem, que passou por diferentes unidades do Sesc São Paulo.
RAMON SANTOS_ Filho de nordestinos, nasceu e cresceu na periferia de São Paulo. Sempre gostou de desenhar. Seu primeiro contato com a xilogravura foi aos oito anos de idade no Instituto Acaia, onde, mais tarde, faria cursos de encadernação, design gráfico, serigrafia e design têxtil, linguagens que enriqueceram suas criações artísticas e poéticas.
Sobre o IEB
O Instituto de Estudos Brasileiros (IEB), criado em 1962 pelo historiador Sergio Buarque de Holanda, é um órgão de integração da Universidade de São Paulo, que tem como desafio fundador a reflexão crítica sobre a sociedade brasileira por meio da articulação de diferentes áreas das humanidades. As atividades de pesquisa se fazem associadas à preservação dos acervos culturais sob sua guarda. Essa articulação é constitutiva do IEB e tem sido responsável pelo seu permanente e crescente reconhecimento acadêmico. No cumprimento de sua missão, o Instituto agrega trabalhos desenvolvidos por seu corpo docente e técnico, assim como pesquisas de outros professores da USP e de outras instituições nacionais e internacionais. https://www.ieb.usp.br
Sobre o Instituto Çarê
Organização sem fins lucrativos e centro cultural aberto à cidade, o Instituto Çarê foi criado em 2019 com a missão de colaborar com o bem-estar e divulgar a obra de músicos brasileiros de grande importância, dar centralidade à cultura que escapa do radar do mercado, formar acervos, apoiar pesquisas em campos negligenciados, salvaguardar patrimônios relevantes e oferecer à população do entorno um ambiente de trocas rico e inclusivo. Organiza-se em núcleos de ação coordenada nos campos de educação, com projetos de educação ambiental e fortalecimento de comunidades; música, focado em difundir manifestações relevantes; artes visuais, voltado a fomentar poéticas novas e formar públicos; pesquisa, que investe na ampliação da base de dados sobre populações minorizadas para subsidiar políticas públicas; e acervo, que protege, qualifica e dá acesso a coleções que preservam trechos da história da cultura brasileira.
https://www.institutocare.org.br/
Care-ph-Ana-Pigosso
SERVIÇO RÁPIDO
Mostra coletiva “Cartografias de uma viela: tecido de pele e tinta”
Artistas: Adriele Oliveira, Danilo Juliano, Deusvaldo Pereira, Difavela, Luiz Lira e Ramon Santos
Curadoria: Sônia Salzstein e Claudinei Roberto da Silva
Apoio Institucional e de Pesquisa: Instituto de Estudos Brasileiros – IEB-USP e Arquivo IEB-SP
Visitação: até 23/11/2024
Terça a sábado, das 13h às 18h
Gratuito e livre
Local: Instituto Çarê
Rua Doutor Avelino Chaves, 138
Vila Leopoldina, São Paulo – SP, 05318-040
www.institutocare.org.br
Agendamento de grupos: exposicao@institutocare.org.br
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