Nasce a Ficção Científica
Por Jorge Hata*
Os quadrinhos desse período são influenciados pelo estilo art-déco, refletindo um clima de muita efervescência e grandes eventos tecnológicos, juntamente com revistas pulp – assim denominadas porque eram impressas em papel barato, feitas de polpa de madeiras, não acetinado, com margens mal aparadas – que contavam-se às dúzias e enchiam prateleiras das bancas de jornais. Entre as revistas pulp – , as de ciências atendiam uma necessidade de informações para os jovens norte-americanos, desejosos de aprender sobre a tecnologia. Os êxitos de Edson, dos irmãos Wright e de Henry Ford estavam muito próximos e ter vocação de “inventor” parecia algo com sentido para um jovem. Em 1.911, entretanto, uma dessas revistas pulp de ciências, “Modern Electrics”, publicou em capítulos uma história de ficção:- “Ralph 124C 41 Plus:-A Romance of the Year 2660”. Seu autor, também diretor da revista, era um imigrante luxemburguês, chamado Hugo Gemsback. A história pouco literária e o argumento bem simples serviam mais como pretexto para veicular a predição científica e tiveram tamanho êxito que, além de artigos científicos, a revista prosseguiu publicando histórias de ficção até encerrar atividades, em 1.913.
Nessa mesma época, Edgar Rice Burroughs vendia sua primeira história sobre Marte para uma revista pulp de aventuras: -“All Story Magazine”. Em outubro de 1.912, foi publicado “Tarzan of the Apes” pela mesma All Story. Sua publicação causou grande furor e inúmeras cartas foram enviadas para o Editor Metcalf e Burroughs. Essas cartas pediam que fosse dada continuidade àquela história em que o herói acabava sendo injustiçado. Elas elogiavam bastante e davam inúmeras sugestões. Foi tamanha pressão dos leitores e do editor que Burroughs, que na realidade estava mais interessado em seu herói, “John Carter de Marte”, cedeu e publicou novas aventuras com “Tarzan”.
Hugo Gemsback prosseguia com histórias de ficção em suas revistas técnicas, como a “Electrical Experimenter”. Em 1.923, dedicou um número inteiro da revista “Science and Invention” às histórias de ficção, chamou-o de “Scientifiction Issue (Número de Ciencificação)”. O êxito alcançado pela publicação fez Gemsback pensar em uma revista dedicada exclusivamente a esta nova forma literária. Finalmente em 1.926, Gemsback apresentou a primeira revista pulp de “Ficção Científica” – “Amazing Stories – The Magazine of Scientifiction”. A nova revista tinha, nas palavras de Gemsback, “narrações do tipo Júlio Verne, H.G. Wells e Edgar Allan Poe fazem: histórias encantadoras e fascinantes misturadas com efeitos científicos e visões proféticas”. Quando foi compelido a deixar a direção de “Amazing Stories” (Histórias Surpreendentes), Gemsback lançou uma revista que rivalizasse com ela e a denominou “Science Wonder Stories” (Histórias das Maravilhas da Ciência). Em seu primeiro número (Junho de 1.929) empregou o termo “Science Fiction” e a abreviatura SF tornou-se popular. Obviamente, no Brasil, usamos a abreviatura FC.
*JORGE HATA
HISTORIADOR E COLUNISTA na HATA QUADRINHOS
Faça um comentário