O Ceifador

Zero estava faminto… o que não chegava a ser uma novidade, já que a fome havia se tornado quase uma amiga íntima, desde o assassinato de seus pais e irmãos. Sua outra inseparável companheira era a solidão, já que ele havia sido renegado por seus parentes… culpa de seu maldito albinismo – pensava ele – que o tornava  tão diferente de seus pares, quase como que um fantasma em meio a uma vastidão castanha.

E agora lá estava ele diante do Ceifador. Este era o nome que Zero havia dado ao aparato de metal que já havia levado à morte inúmeros amigos seus, sem citar toda a sua família. Ele não conseguia explicar essa compulsão que tomava conta dele sempre que via um Ceifador… já nem era mais a fome, e sim, o ódio que ele sentia pelo aparato. A gana de enfrentá-lo e vencê-lo mais uma vez, que havia tornado essa dança da morte praticamente um passatempo para Zero.

Ele se empertigou todo, músculos rígidos, adrenalina a mil… havia chegado a hora de, mais uma vez, vencer ou morrer. Zero saltou, agarrou o queijo e conseguiu escapar antes que o braço de metal do Ceifador o atacasse. Mais uma vez ele havia saído vitorioso! E lá se foi o jovem rato todo branco com o queijo na boca, de peito cheio, orgulhoso de mais uma humilhação causada ao maléfico Ceifador…

DALTO FIDENCIO
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20052017

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