O ego e o eu
De súbito, mergulhei em mim mesmo. E, para meu espanto encontrei outra pessoa. Alguém desconhecido. Um outro eu. Um ser mais generoso, afetivo e solidário. Alguém acima da dualidade própria deste mundo. Até simpatizei com ele…
Então, perguntei a esse outro eu de mim mesmo: – Por que não te revelas, não emerges e mostras quem realmente és? Por que não vens a público, abandonando de vez essa profunda solidão? Lá fora há lugar para nós dois. Formaríamos uma boa parceria.
A resposta veio mais célere do que eu imaginava: – Somos criaturas diferentes. Nossas ideias são verdadeiros contrapontos. Nossa linguagem é assimétrica. Tu és o ego. Eu sou a essência. Tu demandas aparências, formas, cores, para seres o foco das atenções. Isso tudo inibe minha manifestação. Não temos como ocupar o mesmo lugar no espaço. Para ti o mundo é um palco. Para mim deve ser uma seara, onde posso lançar as mais nobres sementes. E lembrando as palavras do profeta, há dois mil anos, é preciso que tu diminuas e eu cresça.
Por Gilberto Silos
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