O MEU PÔR DO SOL
Os ipês amarelos da Vila Maria já começaram a florir. É a primavera chegando com sons e cores renovadas, cumprindo o eterno ciclo da natureza.
Há qualquer coisa mística no ar. A temperatura é agradável. Os agasalhos voltam para onde nunca deveriam ter saído. Radicalismos à parte, é que sou um assumido filho do sol. Aprendi a conviver com o calor.
Nos finais de tarde, da janela do meu quarto posso ver o sol se pondo nos contrafortes da Mantiqueira. Formando um painel multicores, meu “pai” se despede de mais um dia em minha vida. E o faz em grande estilo.
Quão privilegiado sou por ainda poder contemplar esse espetáculo da natureza ! Mas, até quando ?
Esta cidade, dita tecnológica, não para de crescer para todos os lados. Isso me mete medo. Vivo preocupado com a ameaça de que a construção de espigões me impeça de ver esse “show” no fim da tarde.
O progresso já roubou a flauta de Cassiano Ricardo e poluiu o Paraíba. Não quero que roube também o meu pôr do sol.
Gilberto Silos
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