O Paraiso das cachoeiras
E a menininha de cabelos, olhos e vontades claras, sonhava que um dia iria até o Paraíso das Cachoeiras. Tudo porque assistiu muitas vezes “UP – Altas aventuras” e nem sabia pronunciar o nome da animação e sempre dizia “Casa balu” por causa dos balões que levantava a casa do Sr Fredricksen. E só depois de muito tempo é que entendeu que o Paraíso das Cachoeiras fica na América do Sul, bem na fronteira do Brasil com a Argentina.
E lá fomos nós, com a menininha, que agora cresceu e podemos juntas ver a magnitude de uma das Sete Maravilhas da Natureza.
Saímos de ônibus da cidade de Foz do Iguaçu, até o maior conjunto de quedas d’água do mundo. Chegando até o centro de visitantes, paga-se um ingresso para adentrar as cataratas. Percorremos a pé, uma área verde numa das últimas reserva da Mata Atlântica, uma trilha de mais ou menos hum mil e quinhentos metros. Encontramos pelo caminho, lagartos, quatis e outros pequenos animais, num desejo insano de ver uma onça pintada. Percorrendo a trilha pode-se avistar as primeiras cataratas, com pouca água, até chegar no centro nervoso em plena Garganta do Diabo, onde o deslumbramento toma conta da gente. Ouvindo “Satã” de Cruz e Souza de Broquéis e vendo o arco-íris no chão. Nunca tinha visto um arco-íris no chão, digo, na água, foi a primeira vez e uma sensação incrível, inesquecível.
Só vimos as Cataratas do lado brasileiro e podia-se avistar a bandeira argentina tremulando ao longe, onde a visão das cachoeira é ainda mais bela, dizem. Um dia também vamos até lá, ver as cataratas no lado dos nossos hermanos.
As forças da Natureza mexem com a gente, ficamos atônitos diante da grandiosidade e do inusitado. Esse foi um passeio marcante, porque causou assombro e fascinação.
Depois visitamos o marco das 3 fronteiras, um show de história e de cultura dos três países irmãos: Brasil/Paraguai/Argentina. Os três obeliscos, um de frente para o outro, cada um no seu território, separados pelos dois rios: Iguaçu e Paraná. Um pôr-do-sol lindo demais, ao som de músicas, danças e pessoas tagarelando.
Foz do Iguaçu é uma cidade típica paranaense, mas com essa característica fundamental de ser fronteira e ter uma ponte que representa a ligação e a amizade entre dois países. É uma ponte tão movimentada, que não tive coragem de atravessá-la a pé, muito perigoso. Só fiquei olhando o movimento, parecia uma Índia no Brasil. No entorno da ponte não há semáforos e um movimento intenso de carros, motos táxis e pedestres, todos juntos e misturados…mas a faixa de pedestre é bastante respeitada.
Fomos até Itaipu Binacional e esse passeio foi sensacional, pois estávamos diante da maior hidrelétrica do mundo.
Itaipu, uma expressão Tupi Guarani que significa “a pedra que canta” e é uma obra gigantesca de construção, tipo umas pirâmides do Egito. E a geração de energia que abastece o Brasil e o Paraguai.
Depois desse espetáculo fomos ver outro, um show musical, com apresentações de todos os países da América Latina.
Conhecer o Brasil, é tudo de bom!
Elizabeth de Souza
Satã
Capro e revel, com os fabulosos cornos
na fronte real de rei dos reis vetustos,
com bizarros e lúbricos contornos,
ei-lo Satã dentre Satãs augustos.
Por verdes e por báquicos adornos
vai c’roado de pâmpanos venustos
o deus pagão dos Vinhos acres, mornos,
Deus triunfador dos triunfadores justos.
Arcangélico e audaz, nos sóis radiantes,
à púrpura das glórias flamejantes,
alarga as asas de relevos bravos…
O Sonho agita-lhe a imortal cabeça…
E solta aos sóis e estranha e ondeada e espessa
Canta-lhe a juba dos cabelos flavos!
Publicado no livro Broquéis (1893).
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