O que esperar da Era de Aquário

O que esperar da Era de Aquário

Se você, como eu, viveu nos fervilhantes anos 60, certamente se lembrará da música Aquarius/Let the Sunshine (Deixe o sol brilhar). Fez um estrondoso sucesso. É a junção de duas canções do musical Hair, de 1967. Seus compositores, James Rado, Gerome Ragni e Galt Macdermot, em 1969 resolveram lançá-la no álbum “The Age of Aquarius”, pela banda The Fifth Dimension. Eram os tempos dos hippies, Woodstock, Peace and Love e mudanças de comportamento.

Essa música foi um dos ícones da Contracultura, inspirada na crença de que quando o mundo entrar na Era de Aquário a humanidade finalmente viverá uma época de paz, amor e liberdade.

Essa esperança em um mundo renovado ganhou densidade quando, no início dos anos 80, a jornalista norte-americana Marilyn Ferguson lançou seu bestseller “A Conspiração Aquariana” onde critica os paradigmas racionalistas e reducionistas vigentes nas áreas da educação, saúde, política e economia. Ao mesmo tempo revela o surgimento crescente de grupos de pessoas formadoras de opinião, imbuídas de profundo humanismo e espiritualidade, tentando mudar os rumos da sociedade.

O que significa a Era de Aquário, também chamada de Idade de Aquário?

Esoteristas e astrólogos afirmam que a evolução humana ocorre por meio de ciclos. Cada ciclo, com suas características astrológicas peculiares, influencia a consciência humana, revelando-se nas estruturas social, cultural e religiosa das civilizações. Considerando o movimento precessional do sol, encontramos ciclos maiores de 25.868 anos, compostos por 12 menores de 2.156 anos. Cada um dos ciclos menores, também chamados de eras ou idades, recebe uma determinada vibração astrológica e neles predominam certos arquétipos aos quais a humanidade responde. Hoje o sol transita pelo signo de Peixes, já recebendo a influência de Aquário.

Muita gente passou a romantizar a Idade de Aquário, como se ela representasse uma radical transformação do mundo. Ou, uma perspectiva de uma humanidade renovada construir o “paraíso” aqui na Terra.
Observando o atual estado de consciência da grande maioria dos seres humanos, perceberemos como estamos distantes da realização dessa utopia. Até a efetiva entrada do sol em Aquário teremos cerca de 600 anos pela frente. Parece-nos ser um tempo exíguo para um salto evolutivo tão grande como muitos imaginam.

Podemos esperar, entretanto, uma era de grande avanço científico e progresso espiritual. Urano, planeta regente de Aquário, é revolucionário. Suas vibrações provocam mudanças e rupturas. Ele rege as grandes descobertas, as viagens espaciais, as comunicações via satélite, as informações em tempo real, a aceleração do tempo e tudo aquilo de surpreendente que já estamos vivenciando.

Podemos prever o uso intensivo da energia solar substituindo os poluentes combustíveis fósseis. Da mesma forma, os futuros sistemas de transportes serão mais limpos, eficientes e sustentáveis. A perspectiva é de descobertas, hoje inimagináveis, em todos os campos da ciência. Os paradigmas de tempo e espaço certamente serão reformulados.

Podemos imaginar uma época de pioneirismos, inovações, além de rupturas de pensamentos e comportamentos. Em meio a tantos avanços, sobrevirá o risco do predomínio de um frio racionalismo. Essa tendência terá de ser equilibrada pela valorização do indivíduo, da generosidade e dos valores humanistas, pela preocupação com o bem-estar individual e coletivo.

É de se esperar que humanidade repense suas estruturas, criando novas formas de organização, com base nas necessidades do homem, na solidariedade e nos movimentos sociais.

Uma das esperanças em relação à nova era, é de que as guerras, tais como as conhecemos, se tornem apenas uma triste lembrança do passado. O uso moralmente distorcido das novas conquistas tecno-científicas poderia ser uma ameaça séria ao planeta e seus habitantes. Esperemos que um novo estado de consciência gere um período de paz duradoura. Porém, os conflitos no campo das ideias existirão, inevitavelmente, como expressão do pensamento individual, e da independência uraniana.

Encontramo-nos numa fase de transição. As velhas estruturas começam a ruir, mas as novas ainda não se definiram. Isso tende a gerar crises e turbulências. A humanidade ainda se prende ao dogmatismo das religiões e à sujeição aos líderes políticos e religiosos. Isso contrasta com a expectativa de que na Era de Aquário uma religião mais racional e científica respeitará a liberdade de pensamento das pessoas.

Por Gilberto Silos