por Gustavo Souza Silva
Prólogo
Era uma vez um rato pequenino;
Um rato que era muito diferente.
Sua paixão era como a de menino;
Que pela primeira vez amor sente.
Enquanto outros só queriam queijo;
Este era pela doce lua apaixonado.
E deste singelo modo eu lhes deixo;
Com tal conto que lhe será versado.
Ato I
À noite, iluminado pelo belo luar;
Caminhava um rato com timidez.
Ele queria apenas a dama beijar;
Aquela que o noturno brilhar fez.
Então, após muito o rato pensar;
Enfim ele virou-se para a amada.
Aí, meu caro, com beleza no olhar;
Cortejou aquela moça iluminada:
Ó lua minguante, ó lua crescente;
Saiba que com você quero me casar.
Declaro ser seu mais lindo amante;
E esta noite escura será nosso altar.
A bela lua não conseguiu o sorriso;
Segurar, afinal, ele era encantador.
Mas também ficou triste com isso;
e teve que dizer àquele sonhador:
Meu querido rato, eu não sou assim;
de fino trato para selar este contrato.
Mas a nuvem, a moça alegre, ela sim;
que fará seu amor ser compensado.
Ato II
Ele encarou a lua com certo pesar;
Pois o luzir da dama não seria seu.
Mas então viu esvair aquele brilhar;
Pois cobrindo-a a nuvem apareceu
Então, sozinho, virou-se para ela;
E a encarou ainda meio descrente.
Mas aí notou o quanto ela era bela;
E encantado, ele disse suavemente:
Ó bela nuvem a quem estou diante;
Saiba que com você quero me casar.
Declaro ser seu mais lindo amante;
E este céu imenso será nosso altar.
E a moça que cobriu o brilho da lua;
Não pôde evitar o seu mais belo sorriso.
Mas a ela tal poesia ainda não era sua;
E assim dele se aproximou e disse isso:
Meu querido rato, eu não sou assim;
de fino trato para este teu cantado.
Mas há aquela jovem brisa, ela sim;
Que poderá lhe dar dias dourados.
Ato III
Mesmo com a rejeição, ficou parado;
e quieto, esperando a brisa chegar.
Então viu que a nuvem, ao seu lado;
Se esvaiu com um macio soprar.
E só após a nuvem diluir que ele a viu;
Se aproximando, suave e lentamente.
Ao contemplá-la seu coração foi à mil;
e nisso cantou o rato que tanto sente:
Ó brisa, que és tão bela e radiante;
Saiba que com você quero me casar.
Declaro ser seu mais lindo amante;
E todo este vento será nosso altar.
E nela foi desperto um sentimento;
Indesejado, uma inesperada paixão.
Mas a ela ainda não era o momento;
Certo, e teve que dizer a ele, então:
Meu querido rato, eu não sou assim;
de fino trato para este seu versado.
Mas veja a isolada parede, ela sim;
Que ao vê-lo terá o amor avistado.
Ato IV
E logo o rato sentiu-se entristecido;
ao encarar novamente uma negação.
Pensou muito sobre aquele ocorrido;
Sabia que não suportaria outro não.
Mas ainda não pôde deixar de ver;
A parede sozinha em seu canto, fria.
Forçou um riso e pensou: fazer o que?
E aproximou-se dela enquanto dizia:
Ó parede, tu que és bela e distante;
Saiba que com você quero me casar.
Declaro ser seu mais lindo amante;
E farei desta terra o nosso altar.
A parede ficou surpresa com o pedido;
E achou apaixonante aquilo que dizia.
Mas seu coração ainda estava partido;
Então teve que negar tal companhia:
Meu querido rato, eu não sou assim;
De fino trato para o que tem falado.
Mas está ali a doce ratinha, ela sim;
Que o fará enfim sentir-se amado.
Ato V
E assim se foi toda a sua esperança;
Pois se sentia solitário naquele lugar.
Havia perdido aquele riso de criança;
Não queria com a ratinha conversar.
Mas algo nela chamou sua atenção;
Nem o rato saberia dizer o que era.
Eu diria que foi seu próprio coração;
Que amorosamente, disse isso a ela:
Ó rata, tu que me deixas palpitante;
Eu desejo contigo para sempre estar.
Prometo ser doce e carinhoso diante;
De ti, sabe, adoraria contigo me casar.
E sem saber direito que palavras falar;
A rata só lhe abriu seu grande sorriso.
E assim dançaram numa troca de olhar;
E devagar, ela se aproximou e disse isso:
Rato, meu querido rato, te vendo assim;
Eu sinto certa euforia, será isto a alegria?
Do amor eu já havia desistido, mas enfim;
Te encontrei, no final da mais bela poesia.
Epílogo
Após um longo segundo ele segurou sua mão;
Sorriu e lhe deu um grande queijo, ops, beijo.
E então os ratos felizes viveram, pois eles são;
Os que em vida se amaram, e assim lhes deixo;
Nesta última estrofe desta minha historia.
Sei que isto pode parecer um conto de fadas;
Talvez uma fábula, metáfora ou até memória;
Mas no fim isto é um conto de palavra cantada.
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