O Show de Roger Waters
Por Paul Constantinides
Cheguei em São Paulo, 11 de novembro de 2023 às 16h40. Amigos, amigas, sol escaldante, sábado agitado, a cidade de vários carros, nos saudando com sua elegância discreta.
A sobrinha esperta na frente do edifício nos acenava, Gary já enviava mensagem estamos no Cabral, em frente ao portão D, vamos nos ver antes do show.
No apê aconchegante um chuveiro rápido, cerveja com meu irmão carnal que acabara de chegar, um brinde entre todos ali naquela sala, vibrando a ansiedade de ver um show tão esperado desde a compra do ingresso em julho passado.
Saímos a pé do edifício e fomos andando para o Allianz Park que fica a menos de um quilômetro do apartamento da sobrinha descolada.
Quando adentramos pela área de contenção para o público do show em torno do estádio vejo os braços do Gary acenando na frente de um bar lotado. Abraços confraternizantes, apresentei meu mano, Suemi filmando, fotografando tudo, aquele sorriso ímpar, eta! como é reconfortante o bem querer.
Sentamos à mesa e em poucos minutos nos falamos, todos, de tudo um pouco e muito do tesão daquela hora. Brindamos! Brindemos!
Já dentro do estádio escolhemos os assentos e atrás de nós um jovem casal nos olhou sorrindo e, nem sei se devido aos nossos cabelos grisalhos, sessentões, transmitimos algo que eles imediatamente entenderam. A gente tem certa história de amor desde o inicio da adolescência com o Pink Floyd, e foi assim, com papo leve, que em torno de onde sentamos que várias conexões foram feitas pelo entorno. O casal da frente, também nas casas do 30, 40, demonstraram interesse na gente e vai mais papo, mais confraternização. O cearense solitário ao meu lado não parava de chorar, e durante o show, acreditem, por vários momentos nos abraçamos e cantamos.
O show começou com a execução de Confortably Numb, eu deitei a minha cabeça no ombro do meu irmão e emocionado falei, já valeu o ingresso.
No decorrer do concerto, mais e mais aumentava a impressão de estar vivendo um sonho real, tamanha a identificação com tudo que rolava, fosse musical, fosse visual, fosse o recado ativista de Roger Waters, tudo caindo como uma luva, uma chuva de graça no meu ser. E tanto amor floriu nisto tudo, que ao encerrar o show, ao me mover para sair o casal a minha frente me puxou pelo braço e me abraçaram coletivamente, e aí o casal de trás fez o mesmo e foi assim que a música nos abraçou e nos fez nos abraçar.
Sai do estádio com meu irmão, os dois silenciosos naqueles passos adentrando de volta a realidade da cidade que não para e te devora se você não se cuidar.
Saímos decididos a seguir vivendo a vida.
O lamento é ver tanto ativismo num artista tão popular de 80 anos de idade, provindo dos anos 70, não ter voz nas gerações atuais. Espero estar enganado.
Achei o máximo, estive em SP no sábado, assisti a um sapateado da nora. Com certeza Pink Floyd foi a curtição de nossa geração, mas infelizmente, não tive a sorte de assistir ao vivo. Sem problema. Curto a distância A nova geração teve a oportunidade de conhecer Roger Waters. e para quem ainda quer conhecer. dá lhe Yutube !