O X MARCA O LOCAL DO ALVO
Ela fez sua viagem, rápida, altaneira, para então, gradativamente mudar a trajetória, e começar uma curva descendente. Já não tinha mais a mesma velocidade, mas estava longe de ser morosa. Até que se deparou com um obstáculo macio, e assim ela o adentrou facilmente, destruindo o que tocava, fazendo o sangue jorrar. O X marcou o local do alvo.
As crianças estavam em pânico, o motorista da van compartilhava da mesma emoção. Pegos no fogo cruzado, o motor do veículo havia sido atingido e eles não podiam sair dali. Então um menino, não se sabe se guiado pelo destemor ou pelo medo, resolveu se movimentar e abriu a porta, que estava danificada por um tiro e com isso abriu sem resistência. Ele saiu para a rua, assustado, até que seu destino veio ter com ele.
O Trabalho não saiu como esperado. Os seguranças reagiram em vez de se entregar, e a situação estava feia, havia tiros para todo lado e ele estava escondido atrás de uma parede, temendo por sua vida. Ao tentar mudar de posição, correndo e atirando, foi atingido e caiu, mas ao tocar o solo, acabou dando um tiro para o alto, sem controle sobre a arma.
Ele estava nervoso, era sua primeira vez nesse tipo de incursão. Municiava sua arma de forma lenta, para não fazer nada errado. Foi então que notou uma “bala” em especial. Ela tinha uma marca peculiar, uma ranhura perto da ponta que lembrava uma letra “X”. “O X marca o local do alvo”, disse ele sorrindo para si mesmo, e colocou o projétil marcado na arma.
O menino estava muito feliz. Hoje iria entregar o trabalho de artes e ele amava desenhar. Havia caprichado muito e sabia que iria impressionar não só a professora como também seus coleguinhas. Estava frio, então colocou sobre a camiseta da escola sua blusa favorita, preta com várias letras verdes, espalhadas de forma aleatória. Ele não sabia explicar o motivo, mas sua letra preferida na roupa não era o “D” (a inicial de seu nome) no ombro nem o “F” (inicial de seu sobrenome) no punho direito, mas sim era uma que ficava exatamente no local do coração, uma letra “X” zombeteira. “Ela marca o local do alvo, onde fica meu amor pelas artes”, pensava ele.
(Não entendeu? Então leia novamente, de baixo para cima…)
DALTO FIDENCIO
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