Desde sempre, tive medo de entrar pelos túneis das rodovias. Uma vez na Imigrantes, fiquei com dificuldade em respirar naquele longo espaço interminável de 14 túneis. Foi a pior experiência, nunca mais voltei. E também o medo de chegar do outro lado e estar no passado/futuro ou num lugar completamente diferente. Mas penso que deve ser claustrofobia aliada a um grau de “paranoia”, palavra que uso para definir meus instintos de sobrevivência.
Por conta desse medo, evito as rodovias com túneis, às vezes é inevitável. Normalmente só rodo pela Carvalho Pinto, quando estou acompanhada, porque no trecho que passo, tem 3 túneis.
Dias atrás, acompanhada, estava voltando pela Carvalho e para me deixar mais apavorada, um deles estava com as luzes totalmente apagadas. Que sensação horrível! Foi os segundos mais eternos que vivi…a pulsação acelerou, a cabeça rodou e minhas mãos ficaram trêmulas.
Quando tenho medo de alguma coisa, experimento intensamente. Mas como sou meio inconformada comigo mesma, nesse final de semana resolvi voltar sozinha pela Carvalho, para enfrentar esse medo dos túneis. Foi então que parei uns 500m antes e de longe fiquei olhando para o túnel, fazendo amizade com ele. Parei, fotografei, conversei com ele. Então atravessei, ufa, estavam todos bem iluminados. As luzes são necessárias, a clareza é necessária.
O medo de entrar numa outra linha do tempo, quase passou. O medo de estar num outro lugar que não o meu, quase passou. Acho que agora vou rodar sozinha pela Carvalho Pinto, uma ecopista maravilhosa, com muito verde e uma solidão aconchegante.
Elizabeth de Souza
Um sábado nublado!
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