PASTEL, CALDO DE CANA E COISAS DA FEIRA
Manhã de domingo também é dia de feira. Dia de comprar banana e tantas outras coisas.
– “Tem coisa melhor que pastel e caldo de cana? Então?
Ah! isso garanto, não tem não!”
Feira livre não é lugar de só comprar e vender. Feira é a vida em movimento.
Gente circulando o tempo todo. Aquele par de olhos verdes…
– “E lá podemos encontrar o Zé Lira, tocando Bach na viola caipira”.
O moço até que melhorou. Antes só tocava o Bolero de Ravel, aquela coisa que parece nunca terminar.
-“E quando estava quieto no meu canto, eis que alguém aparece para meu espanto”.
É o Zé Louquinho, que se diz versado em ciências herméticas. E fala sem parar. E tome Jorge Adoun, Zanoni, Bulwer-Lytton, Adonai, Eliphas Levi, Dogma e Ritual da Alta Magia, Mester Eckhart. Tanta coisa que nem consigo lembrar.
– “Zé, se está querendo me doutrinar, esqueça, isso tudo aí é muito pra minha cabeça”.
E é gente que vai e vem. E novamente aqueles olhos verdes…
– “E vou tentando sair de fininho, sempre na mira do Zé Louquinho falando de coisas que não entendo; mas, resiliente, eu não me rendo”.
Saio abruptamente e desta vez é pra valer! Mas o Zé insiste na sua falação:
– “Estamos todos com os dias contados, pois agora os tempos são chegados”. E eu me afastando, os passos acelerados”.
Tô entendendo, Zé,… tá bem…tá bem Zé,… tá…
Por Gilberto Silos
Imagem: https://br.pinterest.com/pin/395824254732564776/
Maravilhoso texto! Gilberto Silos, como sempre, arrasando nas palavras!
Tania, minha amiga, fico muito grato pelo seu comentário.
Um abraço fraterno
Gilberto
Tania, minha amiga, fico muito grato pelo seu comentário.
Um abraço fraterno
Gilberto
Eu também gosto demais de ir à feira, aprecio o movimento das pessoas, as conversas e a variedade das coisas. Vou à feira pelo menos duas vezes na semana em bairros diferentes.