Pontos de vista
“Prefiro ser
essa metamorfose ambulante.
Eu prefiro ser
essa metamorfose ambulante
do que ter aquela velha opinião
formada sobre tudo.”
Raul Seixas
Outro dia desses, vi num canal do youtube o filósofo Luiz Felipe Pondé afirmar que “quem tem muitas certezas normalmente pensa pouco “. Num primeiro momento pode parecer um ponto de vista um tanto quanto radical, mas merece uma boa reflexão.
Neste mundo cada vez mais complexo e mutante, as certezas mais honestas tendem a gozar de uma credibilidade efêmera. Para o bom observador e entendedor as coisas nem sempre são o que parecem ser. Não faltam pontos de vista e critérios de análises a mostrar diferentes aspectos de uma mesma coisa. Evidenciam a temeridade de crer em verdades absolutas.
Max Heindel, filósofo esotérico, afirma não ser razoável solicitar a alguém que admita como negro algum objeto que ele observou como sendo branco. Pede-se -lhe, entretanto, manter uma atitude mental suscetível de “admitir todas as coisas como possíveis”. Isto lhe permitirá deixar de lado, momentaneamente, algo por ele considerado “fato estabelecido”, para investigar se existe outra perspectiva, até então desconhecida, sob a qual o objeto possa parecer negro. Assim, afirmações que parecem contraditórias, possam, talvez, conciliar-se. O aparentemente oposto pode, em realidade, ser complementar.
O risco da certeza inabalável é cristalizar-se em dogma, descartando o contraditório. Ou então, converter-se numa simplificação ou reducionismo de algo muito mais complexo e profundo.
Alan Watts já afirmava, décadas atrás, em seu livro “A Sabedoria da Insegurança” que “à medida que os anos passam, percebe-se cada vez menos rochas em que se possa agarrar e apoiar-se, e menos ideias a considerar como absolutamente verdadeiras e definitivas”.
Há que respeitar a dúvida honesta e o pensamento independente de crenças condicionadas pelos desejos humanos. Afinal, como já dizia Heráclito, 600 a.C, “nada no mundo é permanente, a não ser a mudança”.
Gilberto Silos
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