Rabo de Galo - Itamara Moura -

Rabo de Galo – Itamara Moura

Joka Faria refletindo a educação através da leitura de um livro de histórias

O facebook e suas memórias, como o Entrementes. Esta foto nem lembrava mais dela, assim como o cd de poetas. Memórias, eu finalizei, de Itamara Moura, o livro Rabo de Galo, de histórias em torno da pastelaria da Família dela, na rua XV de Novembro aqui em São José dos Campos. Itamara e seu esposo Lúcio Carvalho, são patrimônios da cultura da Cidade. Eram as espinhas dorsais da Comissão de Cinema e Vídeo e também uns amigos que faziam oposição nesta comissão…éramos jovens. Esta cidade é repleta de histórias e faltam romancistas para inventar histórias a partir das reais. Então os cronistas as contam.
Gostei muito da leitura deste livro e me anima a pensar em um. Na internet é muito fácil perder arquivos e em livros talvez sobre algumas memórias.
Esta minha foto é no início da pandemia. E uma pergunta, ela passou?
Nós sobrevivemos, mas somos os mesmos? Hoje, pela manhã tive momentos de depressão por viver a rotina escolar, especificamente a questão da inclusão. Nós profissionais da educação, às vezes, nos sentimos perdidos diante destes desafios. Na chuva de terça-feira, trabalhei em outra unidade escolar. E para levar as crianças ao refeitório, precisava de barcos de papel. Memórias como este livro da Itamara, ajudam a refletir o momento atual. A sociedade se escandaliza com chuvas torrenciais, mas não é exigente em relação à educação pública. Se não tivesse nesta profissão, não iria estar atento. Só a elite se organiza para debater a organização da escola pública, com entidades como o “Todos pela educação”. E cadê os Sindicatos, sejam municipais e estaduais? As universidades estão realmente debatendo a educação? Recursos públicos existem, mas a sociedade só se pauta pela mídia. Ninguém ousa lançar pautas de debates.
Camilo Santana está bem tranquilo no Ministério da Educação, mas a educação não acontece nas elites de ministérios. Ela acontece nas escolas. E nelas devemos aprender a nos organizar. Aqui em São José não vemos um movimento forte de luta por uma educação de qualidade. As creches foram terceirizadas sem nenhuma resistência.
Livros de memória como o de Itamara nos ajudam a refletir a conjuntura atual. Mudar os rumos dos acontecimentos é um desafio; estamos acomodados em nossas zonas de conforto, mas às vezes a consciência se faz agir.
Como se muda uma sociedade sem uma escola que forme cidadãos críticos?