Raízes de Aninha, Cora Coralina
Leituras de Joka Faria
Estou lendo “Aninha, Cora Coralina” descobrindo inúmeros Brasis.
Que Brasil é este que ela nos desvenda em poemas, com toda sua feminilidade? É um jeito que só ela sabe contar.
A separação entre prosa e poesia fica mais tênue ao ler Aninha. Gosto mais de Aninha que Cora, é mais íntimo. Adentramos as intimidades da vida desta poetisa. Ela consegue retratar um Brasil bem discreto entre a passagem do século dezenove para o século vinte. Li uma boa parte de Raízes de Aninha de Clóvis Carvalho Britto e Rita Elisa Seda, a certa altura parei a leitura, pois não tinha lido sua obra. Um livro riquíssimo de se ler esta biografia, mas agora adentro ao universo de Aninha, através do livro Cora Coralina da editora Global. Livro para se ler e reler. Obra que deve ter muitos estudos acadêmicos e debates, porque retrata um Brasil profundo do interior de Goiás. Para mim, ela já está entre os grandes escritores. Com esta leitura vamos refletindo nossas vidas. O universo das artes nos dá perspectivas de vida.
Ontem vi um documentário na netflix sobre os Racionais, grupo de rap. E hoje, numa manhã diante da Mantiqueira, a incansável poesia de Cora. A arte nos está transformando, já nem tenho pretensões com minha escrita. Só quero ler, saborear artes, escrever e fazer vídeos. Enquanto isto a brisa do banhado numa Vista Linda. Aninha mostra a crueldade como se tratava a infância; num poema uma menina morre com um colar de cacos de vidros. Num outro, um capataz de fazenda é dispensado sem nada. Em outros, conselhos a mocidade. Ela foi doceira, cozinheira, participava de cenas literárias na juventude. E nos encanta em uma escrita simples, sem pretensões e riquíssima. Vale desbravar os universos de Cora Coralina.
E assim encerro minhas escritas de domingo à noite. Exercício de escritas de anos para ser publicado no Entrementes. Leiam Cora Coralina nossa amiga Aninha e vamos descobrir as raízes deste Brasil de interiores. Às vezes tão poético, muitas vezes extremamente conservador, que não deixava a liberdade fluir em jovens mulheres. Cada leitor que descubra sua Aninha em seus interiores.
João Carlos Faria, Primavera de 2022, Domingo.
Durante os sete anos em que residi na cidade de Goiás recolhi elementos sinestésicos que me deram suporte para sentir a poesia coralineana.
Recebi o título de cidadania vilaboense (quem nasce em Goiás) por causa de minha participação à sociedade local.
Tornaram-me conterrânea de Cora Coralina.
Fico feliz que você Joka, amigo de há tantos anos, esteja em despertar para a máscara lírica de Aninha.
Rita é um prazer ler Cora nossa Aninha!