Relato de poesia, amor e solidão
São Paulo, 19h30- 20h47
Terminamos agora a 2a ou 3a reunião (nunca sabemos quantas) sobre a 1a(?) ( não sabemos se é 1a) Passeata poética, que será dia 20 de maio, com concentração entre a Paulista e Peixoto Gomide, onde fica o TJF (Tribunal da Justiça Federal).
Na foto, falta o Rubens Jardim, esse poeta monumento delicado e amoroso que nos impulsiona, sempre, aos ventos mais calientes do ardor e do ser poéticos sob várias manifestações, como o Gente de Palavra, que acontece também em Porto Alegre, o Sarau da Paulista, e o incrível compêndio Mulheres Poetas, que congrega mais de 400 mulheres.
Esta tardinha friorenta nos sentamos no café da Casa das Rosas, mais uma vez e, enquanto delirávamos sobre estratégias para a 1a (?) Passeata, eu degustava a noite cobrindo aos poucos os cabelos quase todos revoltos dos meus salvadores, embalando com um azulado profundo o prateado brilho que se confundia com as luzes da cidade. Salvação, salvadores, sim.
Octavio Paz diz que a poesia é salvação.
Esses poetas me salvam sim, me arrancam da solitária sem luz, e me metem à frente de toda manifestação poética urgente-emergente- revolucionária, pois que re-encantatória, destes tempos cinzentos. Junto com eles, e com a poesia, consigo respirar….
(Pausa)
Respiro fundo, emergindo do torpor:
uma moça apanhou a publicação do Gente de palavra que me homenageou em fevereiro, que o Rubens me trouxe, talvez seduzida pelo livrinho rústico em serigrafia muito diferente de toda suntuosa papelaria disponível no grande instituto cultural, que invadi para escrever.
Outra pausa:
Sra, estamos fechando.
Juntei celular e papelada, os livrinhos, ou melhor, o livrinho, porque o outro seguiu com a moça para quem eu disse: sou poeta, pode levar.
Agora, no banco branco do lado de fora do Instituto, com suas portas fechadas, aqui fora, no coração da Paulista, sinto frio estranho. Talvez o frio de uma solidão súbita.
Curioso: a solidão que emerge depois da poesia me parece súbita.
Beth Brait Alvim
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