Relembrando Vidas Secas
Foi oportuno e atordoante reler Vidas Secas. Eleita por muitos como a obra-prima de Graciliano Ramos, esse romance fala de uma realidade que estamos vivendo atualmente, como consequência do aquecimento global.
Publicada em 1938, a obra do romancista alagoano aborda as vicissitudes de uma família de retirantes nordestinos, fugindo da inclemente seca e do abandono social a que estava exposta. Fabiano e os seus, eram refugiados do clima semiárido brasileiro.
A ONU declarou recentemente que milhões de pessoas, em várias partes do mundo, devem migrar e emigrar de seus lares e países por causa de fenômenos como a seca. São refugiados ambientais, tais como os personagens criados por Graciliano. O fantasma da seca agora volta a assombrar o Brasil, ameaçando regiões que não a conheciam. As queimadas nos campos e florestas; erosão em terras até então produtivas; quedas nos níveis das águas dos rios, ameaçando a fauna e a navegação, já ocorrem em nosso país.
Esses problemas não são recentes. Há muito se fala nas ameaças e consequências possíveis do aquecimento global, mas somente agora o problema é levado a sério. Ainda assim não faltam os negacionistas. Nosso lindo planeta azul corre o risco de tornar-se um Titanic, onde todos divertiam-se alegremente pouco antes da tragédia.
Se a humanidade não rever seus conceitos de progresso e desenvolvimento enquanto ainda é tempo – se é que já não passou da hora -, será inútil pensar em plano B. No nosso caso, não existe planeta B.
Por Gilberto Silos
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